Investimentos serão destinados à inovação, pesquisa e desenvolvimento (P&D), ampliação do parque fabril e mercado externo
Por Stella Fontes — De São Paulo
28/06/2023 05h01 Atualizado há 2 horas
Um dos principais nomes no mercado brasileiro de medicamentos genéricos, a paranaense Prati-Donaduzzi colocou em marcha um plano estratégico, de cinco anos, que compreende investimentos de R$ 1,2 bilhão em inovação, pesquisa e desenvolvimento (P&D), ampliação do parque fabril e internacionalização.
Assim como no ciclo anterior, a meta é dobrar de tamanho, saindo dos R$ 2 bilhões de faturamento em 2022 para R$ 4 bilhões em 2027. Para que esse objetivo seja alcançado, a empresa fundada há 30 anos e maior fabricante de genéricos do país, em volume, terá de crescer em média 15% ao ano e superar o gargalo de capacidade produtiva, hoje plenamente ocupada, que já começou a ser contornado.
A Prati acaba de inaugurar uma fábrica de medicamentos sólidos no complexo industrial de Toledo (PR), e se tornou a maior produtora de comprimidos da América Latina.
A inauguração representou a etapa final do plano estratégico anterior, que demandou investimentos de R$ 650 milhões. E também marcou a ocupação integral da área de 300 mil metros quadrados em que funciona seu complexo industrial.
As próximas plantas, conta o presidente da Prati, Eder Maffissoni, serão erguidas em uma nova área, também em Toledo, onde já há um centro de distribuição da empresa. O terreno está localizado no Biopark, um parque tecnológico que reúne educação, pesquisa e negócios idealizado pelos fundadores do grupo empresarial do qual faz parte a farmacêutica, Carmen e Luiz Donaduzzi.
Segundo Maffissoni, a próxima fábrica marcará a entrada da farmacêutica no segmento de injetáveis. Com investimento inicial de R$ 200 milhões, a planta será voltada à produção de ampolas e seringas pré-preenchidas, e deve entrar em operação comercial entre o fim de 2026 e o início de 2027. Hoje, a Prati produz comprimidos, líquidos e semi-sólidos.
Atendemos todas as farmácias em território nacional com time próprio”
— Eder Maffissoni
Nesta etapa inicial do novo plano, o ritmo de crescimento tem sido maior do que o esperado. De janeiro a maio, o avanço nas receitas chegou a 28%, desempenho que também deve ser atribuído ao elevado nível de atendimento às farmácias em todo o país, na avaliação do executivo, que desde 2016 está à frente da farmacêutica.
“A companhia atende a todas as farmácias em território nacional com time próprio. São 34 unidades de distribuição, mais de 3 mil entregas por dia. O desafio é entregar em todo o país em 24 horas”, conta.
Segundo o executivo, cerca de metade dos investimentos planejados para os próximos cinco anos será destinada a pesquisa e desenvolvimento, em particular para inovação incremental. A meta da companhia é seguir sendo reconhecida em genéricos, mas agora buscando moléculas de maior valor agregado, e fortalecer seu portfólio de sistema nervoso central.
A ideia é avaliar crescimento orgânico e eventuais aquisições, usando um mix de recursos próprios e financiamento. Trazer um sócio para o negócio ou partir para uma oferta pública inicial (IPO) de ações não estão nos planos, observa o executivo. “Faríamos uma aquisição estratégica, como de um produto de sistema nervoso central que complemente nosso portfólio”, afirma.
Há dois meses, a farmacêutica criou uma diretoria de novos negócios e tem buscado, no mercado internacional, novas tecnologias, em especial para a área de sistema nervoso central, que estão em fase de estudo final.
Os planos de internacionalização da Prati passam pela exportação também de remédios – num futuro próximo, o desejo é pedir a inspeção da agência americana FDA nas plantas de medicamentos, começando por genéricos, abrindo as portas para a comercialização desses medicamentos no maior mercado farmacêutico do mundo. O grupo já exporta nutracêuticos para os Estados Unidos e tem registros de seu canabidiol em outros países da América do Sul.
“Queremos ir para a América do Sul com produtos de prescrição e com genéricos para mercados tão regulados quanto o Brasil, a exemplo de Estados Unidos, Europa e Canadá. É um projeto de médio e longo prazo, que também depende de ampliação de capacidade produtiva”, explica.
Fonte: Valor Econômico
