Por Arthur Cagliari, Eduardo Magossi, Daniel Gateno e Igor Sodré — De São Paulo
01/12/2022 05h02 Atualizado
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizou ontem que a redução no ritmo do aperto monetário pode ser efetivada no próximo encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em dezembro. Isso bastou para que o investidor voltasse a se animar e os principais índices acionários de Wall Street avançassem com ímpeto e terminassem novembro com ganhos acumulados superiores a 4%, pelo segundo mês seguido em território positivo.
No fim das negociações, o índice Dow Jones fechou em alta de 2,18%, a 34.589,77 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 3,09%, a 4.080,11 pontos, e o Nasdaq exibiu ganhos de 4,41%, a 11.467,00 pontos. Entre os índices setoriais do S&P 500, o melhor desempenho ficou com o segmento de tecnologia, com avanço de 5,03%. Outros setores que costumam ser penalizados com o aperto monetário também sentiram alívio com o discurso de Powell: consumo discricionário e serviços de comunicação avançaram 3,48% e 4,91%, respectivamente.
Ainda que tenha falado sobre uma redução do ritmo do aperto, Powell reforçou que as taxas de juros finais do ciclo podem ser maiores do que o estimado anteriormente. Em evento no Brookings Institution, ele disse que o banco central americano terá que manter os juros em um território “suficientemente” restritivo por algum tempo para que a inflação volte para a meta de 2%.
“A inflação registrou uma queda recentemente, mas ela é bastante volátil e temos que ter mais evidências para assegurar que está indo para a meta”, afirmou.
Para Michael Feroli, economista-chefe do J.P. Morgan para Estados Unidos, Powell aproveitou o ensejo para consolidar as expectativas de uma redução de ritmo, para 0,50 ponto percentual na próxima reunião. “Ele repetiu muitos dos temas da coletiva de imprensa e das atas do Fomc de novembro, não parece que ele se opõe à flexibilização das condições financeiras que ocorreu desde então”, afirmou em nota.
Feroli reforça que é difícil gerenciar as expectativas do mercado e lembrou que a liderança do Fed continua prometendo manter o aperto. “No entanto, há pouco sentido de que seu nível de alarme com a situação da inflação esteja aumentando.”
Após o discurso de Powell, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano recuaram, com o retorno da T-note de dez anos fechando em queda, a 3,606%, de 3,749% da sessão de terça. Já o rendimento do título de dois anos caiu a 4,335%, de 4,471%. O índice DXY, por sua vez, marcou um dólar fraco no exterior, perdendo 0,75%, a 106,018 pontos perto das 19h de ontem.
A sessão de quarta ainda foi marcada pelo Livro Bege (um termômetro do Fed sobre a atividade econômica no país) e também pela revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Os indicadores apresentaram retratos distintos da economia americana: enquanto o PIB foi revisado para cima, de 2,6% para 2,9%, o Livro Bege indicou o início de perda de força das atividades na maioria dos distritos.
Fonte: Valor Econômico

