Por Toni Sciarretta, Valor — São Paulo
28/02/2024 15h06 Atualizado há 11 horas
O bitcoin rompeu uma série de resistências de preço e cravou a nova máxima de US$ 63.636 no ano, ficando a apenas US$ 5.408 (8,5%) do recorde de US$ 69.044, de novembro de 2021. A sessão foi uma das mais agitadas na história do ativo, que variou US$ 7 mil em pouco mais de três horas. As negociações oscilaram entre a euforia de investidores pessoa física entusiastas das criptomoedas e o receio de gestores profissionais com a posição de risco assumida.
Fluxo crescente de recursos novos das finanças tradicionais para os fundos negociados em bolsa (ETFs), vencimento de opções de “tokens” na virada do mês e a corrida para zerar posições por parte de operadores que apostavam na baixa da criptomoeda — o chamado “short squeeze” — alimentaram uma espécie de “FOMO” (sigla em inglês para “fear of missing out” ou “medo de ficar de fora”) de investidores pessoa física querendo embarcar no que parece um rali inédito desde outubro de 2021. À época, o bitcoin subiu 40% e as moedas digitais como um todo somaram US$ 3 trilhões em valor de mercado. Em fevereiro, o bitcoin caminha para fechar com uma valorização na casa de 45%.
Investidores também tentam se posicionar no bitcoin antes da redução pela metade no prêmio dos mineradores da criptomoeda, o chamado “halving”, que deve ocorrer no fim de abril.
Para Axel Blikstad, sócio da BLP Crypto, investidores de Wall Street e das finanças tradicionais se atentaram para o descasamento entre o fluxo crescente, da ordem de 10 mil bitcoins por dia, via ETFs e o “halving”, que vai reduzir a “criação” da criptomeda de 900 para 450 unidades por dia.
“Pessoas que nunca quiseram olhar estão sendo forçadas a estudar esse mercado. Não tem muito o que fazer. A tendência é de alta contínua”, diz.
“Tudo o que já sabemos sobre o bitcoin continua sendo o mesmo. Um ativo que não é contraparte de ninguém, com características que vão torná-lo o novo ouro para reserva de valor e uma rede monetária com fundamentos e tecnologia capazes de causar ainda muitas disrupções na economia global. Só que agora os grandes estão entrando”, afirma Ayron Ferreira, analista da Honey Island Capital.
Analistas, porém, têm dúvidas se o movimento persistirá nos próximos dias, dada a forte alta recente, que leva investidores a embolsar parte dos lucros e ao desmonte de apostas na virada do mês.
Fernando Pereira, analista da Bitget, afirma que não há uma explicação única para o movimento que chacoalhou os negócios.
“É um movimento de exaustão. Após fortes altas , estávamos em uma zona onde nunca antes houve tantos investidores com contratos de venda abertos. É comum, nessa situação, termos um dia de explosão para liquidar todas essas apostas.”
Na avaliação de André Franco, chefe de pesquisa do Mercado Bitcoin (MB), o bitcoin finalmente acordou e segue renovando suas máximas no ano, podendo atingir a máxima histórica de US$ 69 mil em abril, ainda antes do halving.
“Essa não é uma notícia boa para os traders que operaram vendidos.”
Após atingir a máxima no ano, o bitcoin passou ontem a recuar e voltou a US$ 60,8 mil no início da noite. Já o ether (ETH), moeda da rede Ethereum, foi a US$ 3.288, com alta de 1,2% em 24 horas. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo era de US$ 2,36 trilhões, segundo o CoinGecko.
Fonte: Valor Econômico

