Por Valor — De São Paulo
10/11/2022 19h11 Atualizado
Os republicanos estavam nesta quinta-feira (10) a caminho de conquistar o controle da Câmara, faltando apenas 9 das 218 cadeiras para garantir a maioria da Casa. Mas o resultado definitivo das eleições legislativas dos EUA de terça-feira não deverá ser divulgado antes do fim de semana. Já a definição no Senado deve demorar ainda mais, na medida em que possivelmente dependerá do segundo turno da votação na Geórgia, no dia 6.
A razão da demora na apuração está na autonomia de cada um dos 50 Estados americanos para definir suas próprias regras eleitorais e métodos de votação e contagem de votos.
Além da Geórgia, a maior indefinição no Senado se deve à lenta apuração no Arizona, onde o candidato republicano tem ligeira vantagem, e em Nevada, onde o postulante democrata lidera. Até agora, republicanos garantiram 49 cadeiras e democratas, 48.
No caso específico do Arizona, por exemplo, apenas 70% dos votos tinham sido totalmente contados até o começo da noite de ontem. Isso ocorreu porque o condado de Maricopa — que concentra 60% de todos os votos do Estado e abrange a capital estadual, Phoenix — viu um aumento de 190 mil para 290 mil do número de cédulas enviadas pelo correio, que são abertas após o fim da jornada de votação.
Cada cédula antecipada deve ser verificada demoradamente, com a assinatura de cada votante conferida uma a uma com as firmas que constam em cadernos eleitorais. Depois disso, o voto é enviado a um painel bipartidário para a aprovação e o processamento do voto — em um processo que pode se arrastar por dias.
Em Nevada, a demora também se atribui à possibilidade de o eleitor enviar as cédulas pelo correio. Mas, no caso do Estado, que ontem tinha processado 83% dos votos, a lei prevê que sejam considerados envelopes que cheguem até quatro dias depois da data da votação.
Dezenas de milhares de cédulas ainda precisam ser contadas nos dois condados mais populosos de Nevada: Washoe e Clark. No condado de Clark, autoridades eleitorais disseram esperar que a maioria das cédulas restantes seja contada até o fim do dia de hoje.
Atrasos semelhantes têm impedido que os resultados finais da eleição para a Câmara sejam conhecidos não só nesses dois Estados como em vários distritos — que também têm regras eleitorais autônomas — espalhados por todo o país. Mas a expectativa de que os republicanos obtenham as cadeiras que lhes faltam para obter a maioria na Câmara se origina no fato de candidatos do partido estarem na frente na maior parte desses distritos.
Na Califórnia, onde há cinco distritos nos quais a disputa pela Câmara está muito apertada, os resultados podem demorar dias — ou semanas, em alguns casos que envolvem impugnações. Disputas muito competitivas em Oregon, Washington e Colorado também devem ter os resultados divulgados só nos próximos dias.
Depois das eleições de 2020 — quando partidários do ex-presidente Donald Trump passaram a questionar com mais veemência as células enviadas pelo correio — as contestações promovidas por “negacionistas eleitorais” levaram ao maior rigor das verificações. E, por consequência, à maior demora da apuração.
Atrasos na divulgação de resultados, porém, são quase uma tradição das eleições americanas. Em 2000, George W. Bush só foi declarado presidente mais de um mês depois das eleições de 7 de novembro daquele ano, em razão de problemas nas máquinas de votação por cartões perfurados da Flórida. Com a diferença apertada entre ele e o democrata Al Gore, Bush só foi declarado vencedor após uma decisão pela Suprema Corte do Estado.
Fonte: Valor Econômico
