Por Luiz Henrique Mendes e Maria Luíza Filgueiras — De São Paulo
13/05/2022 05h04 Atualizado há 10 horas
Depois que o Itaú exerceu a opção de compra de mais 11,36% na XP há duas semanas, investidores começaram a abordar o banco e a XP diretamente sobre uma potencial compra dos papéis. Um dos interessados que tem estreitado conversas com a XP é a americana Charles Schwab, disseram três fontes ao Pipeline.
Ao Itaú, ter um comprador para um montante relevante poderia facilitar e agilizar a saída que o banco pretende fazer – a princípio, isso se daria de forma gradual (já foram duas vendas em bloco desde o ano passado). Mas, como concorrente, o banco não teria por que fazer uma busca engajada do que será melhor para a XP.
Por isso, a companhia tem feito diretamente algumas conversas para um desfecho que faça sentido no longo prazo, disse uma fonte. A empresa brasileira disse, na semana passada, que ia avaliar ser a compradora da posição do Itaú. Com um programa de recompra de ações de até R$ 1 bilhão anunciado ontem, encontrar um sócio no mercado pode ser mais econômico e estratégico.
Um interessado pode comprar as ações aproveitando um block trade do banco ou eventualmente adquirir da própria XP, se ela entrar na ponta compradora. Desenhar isso com a empresa facilitaria, por exemplo, ficar com um dos assentos que o Itaú tem no board.
A Charles Schwab “não comenta rumores de mercado e especulações” e a XP não comentou até o fechamento desta edição. O Itaú afirma que não está em contato com a Schwab.
A plataforma brasileira tem interesse em colocar um novo sócio estratégico que ocupe o lugar que o Itaú tinha em seu capital, disseram as fontes. A americana foi a inspiração para se transformar em plataforma de investimentos de varejo. Não é a primeira vez que XP e Schwab se aproximam. A americana chegou a avaliar um aporte anos atrás, mas o tamanho do negócio ainda não fazia sentido.
“Tem interessados procurando a XP e abordando o Itaú. Falta colocar à venda”, diz outra fonte, que não quis citar nomes de investidores. A eventual venda pelo Itaú pode ser uma janela para investidores com visão de longo prazo comprarem uma posição relevante na XP num preço descontado – a empresa segue em crescimento operacional, mas a ação saiu de US$ 27 no IPO, em dezembro de 2019, para atuais US$ 19,58.
A conversa com Schwab e outros investidores é incipiente e pode não avançar, notou uma fonte. “Depende muito desse timing do Itaú, que é o que abre espaço”, disse. Por não ser uma tratativa diretamente com o banco, analistas ponderaram ontem que isso manteria o ‘overhang’ na ação. A XP é avaliada em US$ 11,8 bilhões e a Schwab, US$ 123 bilhões.
Fonte: Este texto foi originalmente publicado pelo Pipeline, o site de negócios do Valor Econômico
