Por Gabriela Ruddy — Do Rio
01/06/2022 05h01 Atualizado há 6 horas
O barril de petróleo no mercado internacional aumentou ao longo do mês de maio e a expectativa é que os preços sigam elevados em junho, apontam analistas. A cotação do Brent, principal referência para a commodity, encerrou ontem a US$ 115,60 o barril, o que levou a média dos preços no mês a US$ 109,8 o barril, valor 61% maior do que o registrado em maio do ano passado.
Já o WTI, referência americana, encerrou o mês a US$ 111,91 o barril. A média mensal para o WTI foi de US$ 107,49, aumento de 65% em relação a maio de 2021. Os cálculos são do Valor Data e levam em consideração os preços futuros em negociações para entrega em agosto. Especialistas apontam que é improvável que as cotações sofram quedas significativas em junho.
Do lado da oferta, contribui para a alta da commodity as restrições às exportações da Rússia, devido à guerra na Ucrânia. Esta semana, a União Europeia chegou a um acordo para um embargo parcial às compras de petróleo e derivados russos, o que contribuiu para que o Brent superasse a barreira dos US$ 120 o barril na segunda-feira.
Além disso, a oferta da commodity pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) segue restrita, já que o grupo optou por manter um aumento gradual da produção depois das cotas de extração combinadas pelos países do cartel e aliados durante a pandemia.
“Ainda é cedo para vermos uma queda nos preços, já que a oferta continua fraca e deve cair mais com as sanções europeias contra o petróleo russo. O crescimento de produção pode demorar ainda mais alguns meses. Vemos pressões inflacionárias no custo de extração em todo o mundo e a Opep não parece disposta a aumentar exportações”, afirma o analista sênior da Bloomberg Intelligence para o setor, Fernando Valle.
Já pela demanda, a recuperação do consumo na China com o relaxamento de medidas de distanciamento social para combater a contaminação pela covid-19 também ajuda a manter as cotações elevadas. “Com a expectativa da volta do consumo chinês, os preços aumentaram fortemente no final do mês. O fim dos lockdowns na China e estímulos para o consumo interno podem levar a uma maior demanda e a preços ainda mais altos”, acrescenta Valle.
A consultoria S&P Global Commodity Insights aponta em relatório mensal para junho que há riscos macroeconônicos que podem levar a reduções no consumo global e que precisam ser observados com atenção, como o poder de compra reduzido do consumidor com a inflação. Mesmo assim, diz a consultoria, ainda não é clara a rapidez com que os altos preços podem começar conter a demanda.
Os preços do barril estão altos desde o começo do ano, com a recuperação do consumo depois dos efeitos da pandemia. As cotações superaram a barreira dos US$ 100 em março, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, uma das principais exportadoras globais da commodity.
De acordo com o coordenador do Instituto de Estudos Estratégico de Petróleo (Ineep), Rodrigo Leão, não há, no curto prazo, uma expectativa de grandes mudanças na demanda que possam impactar os preços.
Segundo ele, um dos principais fatores que pode influenciar as cotações no mês de junho é o comportamento da China nas importações para suprir o aumento do consumo depois do relaxamento dos lockdowns.
“Se a China voltar a comprar mais petróleo da Rússia, isso pode ajudar a aumentar as cotações do petróleo russo, mas não mexeria tanto com o WTI e o Brent. Acho que, na melhor das hipóteses, vai haver um cenário de estabilização dos preços internacionais, mas não vejo uma tendência de queda”, afirma.
Fonte: Valor Econômico

