/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/0/2/ct8AhrTratSEuDA0ZTHA/28emp-100-petrobras-b1-img01.jpg)
A Petrobras tem que ser uma empresa rentável e atender, ao mesmo tempo, a interesses de acionistas privados e governamentais, disse a presidente da estatal, Magda Chambriard, na segunda-feira (27). Segundo a executiva, na primeira entrevista coletiva após assumir o comando da companhia, o plano é colocar a estatal à disposição dos interesses dos acionistas dentro da lógica empresarial. Para ela, “conversa” é a palavra-chave para conciliar os interesses distintos dos investidores.
Chambriard foi empossada no cargo na sexta-feira (24), após ser eleita pelo conselho de administração da estatal em substituição a Jean Paul Prates, demitido em 14 de maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após meses de “fritura” pública e embates com alas do Planalto.
A presidente da Petrobras afirmou que quando Lula a convidou, pediu a ela que gerisse a empresa com respeito à sociedade. A executiva salientou que o empenho da companhia será o de cumprir as promessas com agilidade e aceleração dos esforços. Afirmou também que a estatal é capaz de garantir retorno para todos os acionistas e que terá que responder às expectativas da sociedade, “entendendo que temos que dar retorno.”
“Se der lucro e atender interesses de acionistas públicos e privados, vamos pagar dividendos”, disse a presidente, acrescentando que, caso ocorram trocas na diretoria da companhia, elas serão motivadas por ajuste de perfil. Segundo Chambriard, ela ainda “está conhecendo” os atuais titulares das diretorias.
Questionada sobre a segunda metade dos dividendos extraordinários de 2023, cuja destinação a companhia tem até o fim deste ano para definir, Chambriard disse que ainda precisa estudar o assunto: “Assumi na sexta, preciso olhar isso com mais carinho.”
Outro ponto que considera crucial é a exploração de novas fronteiras de petróleo e gás natural, como a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas. Segundo Chambriard, é preciso tomar cuidado com a reposição de reservas da companhia, uma vez que o pico de produção do pré-sal “é logo ali”. O desafio do momento, salientou, é o da garantia da segurança energética, ao mesmo tempo em que é preciso lidar com a transição no setor. “O esforço da empresa tem que ser acelerado”, frisou.
Na visão da executiva, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade do país e da empresa de perfurar poços na Margem Equatorial. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), vinculado ao MMA, negou a licença ambiental para perfuração de um poço na bacia da Foz do Amazonas e a empresa entrou com recurso, ainda sem decisão.
“Precisamos conversar com o MMA e mostrar que a empresa oferta mais cuidados do que a lei demanda”, afirmou. Ela disse ainda que temas como a exploração da Margem Equatorial têm que ser discutidos no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), fórum que a executiva considera como o mais adequado, com arbitragem final pelo presidente da República. A internacionalização da companhia, com busca de áreas em outros países para exploração e produção de petróleo, é uma possibilidade que está na mesa da companhia, mas a executiva frisou que a “prioridade é do território brasileiro.”
Ainda segundo Chambriard, os técnicos da empresa vão avaliar e afirmar se a recompra da refinaria de Mataripe é ou não um bom negócio para a estatal. “Refino nos interessa enquanto agregador de valor”. A empresa negocia com o Mubadala Capital o reingresso na refinaria, vendida em 2021.
Para a executiva, a petroleira precisa aumentar a “disposição” dos produtos da estatal no mercado. “Temos que garantir uma empresa que tenha perenidade e continue com altas produções”, acrescentou. Ela defendeu a atual política de preços de combustíveis da companhia e disse que a empresa vai seguir com a ideia de “abrasileirar” os preços. “É indesejável trazer uma instabilidade diária para preços de combustíveis.”
Sobre o caso do contrato entre a companhia e a petroquímica Unigel, Chambriard ressaltou que o caso está sendo estudado e que a estatal vai responder a eventuais dúvidas que o Tribunal de Contas da União (TCU) tenha sobre o tema. “Não vou passar por cima de uma instituição respeitada como o TCU”, disse, frisando que “ninguém aqui quer rasgar dinheiro e a empresa seguirá com o contrato com a Unigel caso dê lucro.”
“Precisamos explicar para órgãos de controle que fertilizantes são um bom negócio”, disse a executiva, que afirmou ainda que a empresa não poder ter “um compliance exagerado” que imponha imobilismo à estatal e que a companhia vai discutir projetos e tempestividade de cada um deles.
A Unigel arrendou, no fim de 2019, duas fábricas de fertilizantes da estatal, em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), hibernadas porque a operação delas era deficitária. A petroquímica retomou a produção nas duas unidades, mas suspendeu novamente as atividades no ano passado, alegando queda de preços da ureia no mercado internacional, não acompanhada pelo custo do gás natural, inviabilizando a atividade.
Em dezembro, as empresas firmaram contrato de “tolling” – acordo de industrialização sob encomenda -, com pagamento de R$ 759,2 milhões à Unigel pela prestação de serviços de industrialização, armazenagem, expedição e pós-venda de ureia, amônia e Arla (usado para reduzir emissões de veículos a diesel).
Fonte: Valor Econômico

