Por Xavier Fontdegloria — Dow Jones Newswires
06/12/2022 05h01 Atualizado há 4 horas
A economia do Reino Unido deverá encolher em 2023 e o país poderá ter uma década de cescimento lento se nada for feito para melhorar a produtividade. O alerta foi feito pela Confederação da Indústria Britânica (CBI, na sigla em inglês) em sua mais recente previsão, divulgada ontem.
A economia deverá contrair 0,4% em 2023, ante uma previsão anterior de crescimento de 1%, e entrar em um período de recessão “relativamente branda”, que provavelmente já começou no terceiro trimestre deste ano, e durará até o fim de 2023, disse a CBI. A economia britânica encolheu 0,2% entre julho e setembro.
O PIB do país só retornará ao nível pré-pandemia na metade de 2024, segundo a CBI, um grande contraste com a maior parte das economias avançadas.
Como grande parte da Europa, a economia do Reino Unido foi atingida pela escalada dos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia, desencadeando uma crise do custo de vida que reduz a renda dos consumidores e as margens de lucros das empresas.
A inflação deverá cair em 2023, mas permanecerá em uma média de 6,7%, ainda bem acima da meta do Banco da Inglaterra (o BC britânico), de 2%, segundo a CBI.
“Outra recessão no espaço de dois anos é duro”, disse Alpesh Paleja, economista-chefe da CBI. “Um segundo ano de inflação alta, embora em queda, atingirá duramente as famílias, especialmente as de renda mais baixa.”
A economia do Reino Unido também sofre com uma recuperação incompleta do mercado de trabalho após a pandemia, e com o impacto de longo prazo da saída do país da União Europeia (UE), que levou a uma estagnação dos investimentos das empresas.
Esses fatores prejudicam a produtividade e pioram as perspectivas de longo prazo para a economia do Reino Unido, disse a CBI.
“O Reino Unido está em estagflação – com inflação em alta, crescimento negativo, queda da produtividade e dos investimentos das empresas”, disse Tony Danker, diretor-geral da CBI. “Veremos uma década perdida de crescimento se nenhuma medida for tomada.”
A CBI prevê que os investimentos das empresas no fim de 2024 serão 9% menores do que o nível pré-pandemia, enquanto os gastos das famílias serão 2% menores.
A organização pediu ação do governo para enfrentar a escassez e falta de capacitação de trabalhadores e desbloquear os investimentos das empresas por meio de subvenção de capital e mudanças regulatórias.
“O premiê e o ministro das Finanças precisam usar alavancas de crescimento para garantir que essa recessão seja a mais curta possível, mas também para lidar com a fraqueza persistente dos investimentos e da produtividade”, disse Danker. “Não podemos nos dar ao luxo de ter outra década em que ambos fiquem estagnados.”
Fonte: Valor Econômico

