O Patria Investimentos anunciou hoje mais uma aquisição na área imobiliária que, desta vez, eleva a empresa ao primeiro lugar no ranking do segmento no país, com R$ 38 bilhões sob gestão. A gestora fechou acordo para comprar o braço de fundos de investimento imobiliário (FIIs) listados do Grupo RBR, que hoje tem 12 veículos, num total de R$ 8 bilhões em ativos. Com a venda, a RBR passa a ter R$ 4 bilhões sob gestão e a se concentrar no público institucional e de alta renda.
O valor da transação não foi revelado. Segundo Rodrigo Abbud, sócio e responsável pelo setor imobiliário no Brasil do Patria, a operação deve encerrar a série de aquisições iniciada em 2022, ano em que a gestora registrava R$ 715 milhões em ativos no segmento. As compras incluíram VBI Real Estate, Vectis Gestão, Genial Investimentos e Credit Suisse Hedging Griffo Real Estate. “Sempre vimos como estratégia sermos grandes porque isso gera benefícios claros aos cotistas”, disse Abbud ao Valor.
A ideia, depois da última aquisição, comentou ele, era focar na incorporação e fusão dos fundos adquiridos e em crescimento orgânico, sem busca ativa por outras gestoras. “O processo de fusão e incorporação é intenso, é preciso, por exemplo, obter a aprovação de 25% dos investidores de cada fundo.” Mas, há cerca de 60 dias, Abbud diz que foi procurado por um dos fundadores da RBR, Ricardo Almendra, para negociar.
“São ativos bons, bem estruturados, com sinergia imediata com os nossos. Decidimos aproveitar a oportunidade”, contou. Os 12 fundos da RBR se somarão aos 20 que o Patria tem atualmente. Um dos pontos positivos foi a posição forte da RBR em fundos de papel, que adicionam R$ 5 bilhões do total de R$ 8 bilhões adicionado ao Patria. O aumento da presença em crédito já estava nos planos de Abbud. A fatia sobe de 28% para 35% do total.
No ano passado, a RBR chegou a contratar o Santander para buscar um sócio. Abbud contou, inclusive, que o Patria participou do processo, encerrado em janeiro de 2025 sem acordo em relação ao valor de venda de fatia da empresa. Na ocasião, a asset afirmou que avaliava ela mesma comprar gestoras menores.
De acordo com Almendra, a mudança nos planos aconteceu porque a casa tem “convicção de que a indústria de FIIs no Brasil vai caminhar para o modelo dos Estados Unidos, com fundos muito grandes e líquidos.” O dinheiro da transação, comentou ele, será investido nos próprios fundos da RBR, numa demonstração de alinhamento de interesses com os investidores.
Os R$ 4 bilhões que ficam com a RBR estão divididos entre fundos de crédito e multiestratégia; tijolo e desenvolvimento; setor imobiliário nos Estados Unidos; e infraestrutura, com R$ 1 bilhão cada. Almendra afirmou que a gestora encerrará o ano com captação líquida positiva de R$ 1,5 bilhão, em ano considerado difícil para investimentos alternativos, diante dos altos juros no país.
“Estamos com diversas ofertas em andamento de fundos de crédito e de infraestrutura, e o nosso modelo de negócios vencedor prossegue.” O varejo permanecerá na casa via os fundos de infraestrutura na B3. Já a equipe que cuidava dos 12 fundos que serão transferidos ao Patria ficam na RBR. “Vamos ficar com um time maior do que precisamos mas é uma aposta no crescimento da empresa. Separamos capital para reter e investir em pessoas.”
O sócio fundador da RBR espera captar R$ 2 bilhões em 2026. “Nossa captação neste ano foi toda fora do perímetro da transação com o Patria, o que foi uma amostra do que tem para ser explorado.”
O Patria, por sua vez, registrou captação líquida positiva de R$ 3,5 bilhões na área de FIIs no Brasil e, segundo Abbud, já no primeiro trimestre vai levar a mercado duas novas ofertas. Além disso, afirmou ele, haverá o “trabalho intenso de incorporações, agrupando os fundos de estratégias semelhantes.”
Um exemplo é o plano de consolidar três FIIs de logística em um só, o HGLG11, que se tornaria um “superfundo” de R$ 10 bilhões, o maior do país. A assembleia geral extraordinária já foi convocada e os cotistas podem votar até dia 29 de dezembro.
O sócio do Patria vê chance de recuperação da classe em 2026 com o início do ciclo de cortes da Selic. “O ano deve ser desafiador, com cenário macro difícil, mas o início dos cortes de juros movimenta nosso setor”, concluiu ele.
Fonte: Valor Econômico

