A Casa dos Ventos, a Omnia, plataforma de data center do Pátria, e uma grande “big tech” deverão fazer um investimento de mais de R$ 50 bilhões para construir um data center em Pecém, no Ceará, com capacidade de 200 megawatts (MW) de processamento de dados.
Segundo fontes, a ‘big tech’ seria a ByteDance, dona do TikTok, também cliente exclusiva da operação. Procurado, o grupo não se manifestou. O Pátria e a Casa dos Ventos não comentaram sobre o cliente.
“Este é o primeiro grande projeto do país voltado à exportação de processamento de dados, então ele tem o papel de abrir essa exportação em função do ‘powershoring’ [realocação de cadeias produtivas para locais com forte geração de energia limpa]”, afirmou Rodrigo Abreu, presidente da Omnia e sócio do Pátria.
O megaempreendimento acaba de ser formalizado, com a aprovação do conselho da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, o que deverá garantir isenções tributárias.
“Com isso, o projeto entra imediatamente em fase de construção. A ideia é já iniciar em 2025. Vai depender de alguns passos burocráticos, de aprovações ambientais que estão em fase final”, disse o executivo. A operação do data center deverá iniciar no segundo semestre e 2027.
Do valor total do investimento, a maior parte deverá vir da “big tech”, que vai implantar todos os equipamentos de armazenamento e processamento de dados — a estimativa é que sejam necessários de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões (de R$ 37,5 bilhões a R$ 42,9 bilhões, na cotação atual).
A Omnia entrará com cerca de US$ 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões na cotação atual), para construir a infraestrutura física e operar as instalações — os dois prédios, a refrigeração, conexões de energia, baterias, segurança e monitoramento.
Já a Casa dos Ventos fornecerá toda a energia — em torno de 300 MWs serão necessários para abastecer a operação. A empresa construirá novos parques de geração renovável dedicados, no Ceará e no Piauí. A previsão de é R$ 4 bilhões de investimentos, segundo o diretor-executivo, Lucas Araripe.
“Pecém tem características para ser um dos grandes polos mundiais de data center. Por ter ZPE, oferta de energia renovável, por estar do lado de porto e próximo a cabos submarinos que fazem a conexão com outras regiões do mundo”, afirma o executivo da empresa de energia.
O mercado de “data centers” vive um “boom” global, por conta da demanda crescente por armazenamento e processamento de dados, principalmente com o avanço da inteligência artificial e de computação em nuvem. No Brasil, a ampla oferta de energia renovável é vista como um atrativo ao setor — em especial na região Nordeste.
Segundo Abreu, o projeto teve uma preocupação em reduzir o consumo de água, pela escassez na região. O empreendimento deverá usar um circuito fechado de reúso de água. “O projeto como um todo vai consumir menos de 30 m3 por dia. É o equivalente a 70 casas.” O alto consumo hídrico é apontado como um dos principais impactos ambientais dos “data centers”.
Esta é a primeira fase do projeto de “data centers” em Pecém; a previsão é ter quatro etapas — segundo Araripe, todas elas já foram aprovadas pelo conselho da ZPE. A fase 2 poderá avançar nos próximos meses. Segundo Araripe, todas elas já foram alvo da aprovação do conselho da ZPE.
“A gente vislumbra um campus muito maior, a primeira fase tem 300 megas médios, a segunda, 576 megas médios. Para essas duas já temos conexão [de transmissão] assegurada”, disse. As outras duas etapas seriam de 300 MW cada uma, mas será preciso reforçar a transmissão de energia.
Fonte: Valor Econômico

