Por Bloomberg
05/04/2022 05h03 Atualizado há 5 horas
Inversões na curva dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA não devem ser ignoradas, mas não são infalíveis para avisar que uma recessão está por vir, disse um diretor da gestora Pimco.
“Uma inversão da curva nunca deve ser descartada só porque o cenário mudou”, escreveu Marc Seidner, diretor de estratégias não tradicionais de investimento da Pimco, em um blog. “O sinal da curva pode ser menos claro do que no passado.” Algumas inversões vistas atualmente estão “sinalizando cautela, em vez de recessão”, acrescentou.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) provavelmente subirá a taxa básica de juros em todas as reuniões agendadas para o ano, após uma alta de 0,25 ponto percentual em março. Esse processo desancorou os rendimentos dos títulos de curto prazo e inverteu várias partes da curva, trazendo uma enxurrada de opiniões sobre o papel da inversão em sinalizar recessão ou não.
O mercado de curtíssimo prazo precifica mais de 2 pontos percentuais adicionais de elevação na taxa básica ao longo de 2022.
“Métricas de prazo mais longo, como a diferença entre papéis de dois e dez anos, ou entre os papéis de cinco e 30 anos, podem ser mais valiosas do que a curva amplamente seguida, que se refere à diferença entre as taxas de três meses e dez anos”, afirmou Seidner. “A razão é que o Fed já definiu as previsões para os juros no gráfico de pontos e olhar para as taxas de mercado em um horizonte de curto prazo pode ser menos informativo do que focar no que o Fed diz que fará.”
Em seu último gráfico de pontos (“dot plot”), a mediana das projeções de integrantes do Fed é de que a taxa básica feche o ano perto de 1,9% e suba a cerca de 2,8% em 2023.
O professor Campbell Harvey, da Duke University, foi um dos primeiros a demonstrar a ligação histórica entre inversões da curva e recessões, com foco no spread entre os títulos de três meses e dez anos. Essa diferença está positiva em 1,85 ponto percentual. A inflação elevada e o risco geopolítico têm “agido como um imposto”, disse.
Fonte: Bloomberg / Valor Econômico

