O movimento de correção nos spreads das debêntures incentivadas frente às NTN-Bs parece ter chegado a um novo equilíbrio. E essa diferença segue no campo negativo, ou seja, em média, os papéis incentivados ainda pagam taxas abaixo dos títulos públicos. Nos últimos dias, o Idex Infra tem operado com spreads em torno de -6 pontos-base.
“Os spreads mudaram de nível”, defende Alexandre Muller, sócio e gestor responsável pelos fundos de crédito privado da JGP. “A indústria de alocação de recursos mudou.”
Muller lembra que os fundos exclusivos funcionavam como uma “casca” em que não se tinha o “come-cotas”, a antecipação da cobrança do imposto de renda sobre o rendimento, e que boa parte da indústria de wealth management usava essa estrutura. “Agora, o dinheiro acaba indo para os isentos ou para previdência e FIDCs. É um movimento estrutural grande que está acontecendo na indústria e que, na minha opinião, é muito maior do que vimos até agora.”
O fechamento agressivo dos spreads, que chegaram a -50 pontos-base, foi por uma expectativa de aprovação da MP 1.303, o que não aconteceu, e, assim, era necessária uma correção. “Mas o spread irá estabilizar em um nível menor que o anterior. O movimento vai continuar acontecendo enquanto a vantagem da isenção do IR existir. E essa é uma vantagem muito grande em um período de juros altos”, ressalta.
Se existe aproximadamente R$ 1 trilhão em produtos isentos de imposto e uma indústria de fundos de investimento cujo tamanho é de cerca de R$ 10 trilhões, ao se pensar na alocação de um indivíduo médio, ter 8% de estoque em ativos isentos parece estar errado, na avaliação de Muller. “Talvez devesse ser 15% ou 20%…”
“Podemos ter visto esse movimento [de correção] de curto prazo, mas não consigo ver um pano de fundo em que exista uma abertura estrutural de spreads.”
Fonte: Valor Econômico

