Por Estevão Taiar — De Brasília
09/10/2023 05h01 Atualizado há 5 horas
Uma reforma ampla das cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI) é considerada algo “desafiador” por fontes do governo brasileiro, mesmo com a cúpula do organismo multilateral defendendo mudanças recentemente.
O assunto será tratado nesta semana em reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva. O encontro será realizado no Marrocos, que receberá ao longo dos próximos dias as reuniões anuais conjuntas do FMI e do Banco Mundial.
Uma fonte do governo brasileira lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como “posição histórica” o “aumento da representação dos países emergentes” nos organismos multilaterais. Mais recentemente, em setembro, Lula voltou a abordar o tema em discurso no encontro do G-20, na Índia.
Mas a fonte reconhece que, por causa da postura dos países desenvolvidos, “avançar no aumento das cotas com realinhamento é desafiador neste momento”. “As economias avançadas defendem aumento equiproporcional: ou seja, com a distribuição que existe hoje, sem realinhamentos.”
As cotas do FMI têm alguma relação que a participação do país na economia mundial. Elas são importantes porque ajudam a determinar o poder de voto dentro da instituição e o acesso a financiamento de emergência. Atualmente, o Brasil possui 2,32% das cotas, enquanto China e Índia têm, respectivamente, 6,4% e 2,75%. Já EUA, Alemanha e Reino Unido possuem, respectivamente, 17,43%, 5,59% e 4,23%. A fatia da China é considerada por diversos analistas especialmente desproporcional, dado o tamanho da economia do país, a segunda maior do mundo.
No início da semana passada, a própria diretora-geral do FMI admitiu, em entrevista ao Financial Times, que “existe a necessidade de constantemente mudar [a divisão de cotas] para refletir as mudanças da economia global”.
Além da revisão de cotas, deverão ser abordados na reunião entre Haddad e Georgieva temas como presidência do Brasil no G-20; apoio geral a mercados emergentes e economias em desenvolvimento; recomposição do Fundo de Redução da Pobreza e do Crescimento (PRGT, na sigla em inglês); e Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês). O pedido de reunião partiu do FMI.
Também foram solicitados encontros bilaterais com Haddad por representantes tanto do setor privado, como a BlackRock, quanto de órgãos multilaterais e setor público, entre os quais estão: União Europeia; ministros de Reino Unido, Espanha, África do Sul, Arábia Saudita, França, Portugal e Singapura; Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês); Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola. Haddad viaja para o Marrocos amanhã e volta para o Brasil no sábado.
Fonte: Valor Econômico

