O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a nova política de data centers em elaboração pelo governo federal antecipará para o setor os efeitos da reforma tributária sobre consumo, como a desoneração de investimentos e exportações.
“A antecipação dos efeitos da reforma tributária permitirá que todos os investimentos no setor sejam desonerados e que todas as exportações de serviços a partir dos data centers também sejam absolutamente desoneradas”, disse ontem em evento promovido pelo Milken Institute, em Los Angeles.
Haddad viajou para os EUA a fim de divulgar o Plano de Transformação Ecológica e visitar empresas de tecnologia. Ontem, ele tinha reuniões marcadas com executivos como Ruth Porat, do Google, e Jensen Huang, da Nvidia.
Uma das prioridades da equipe econômica do governo federal para este ano é justamente a implantação da nova política de data centers. Outros ministérios, como o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também estão envolvidos na elaboração das mudanças.
Segundo Haddad, a ideia com as novas regras é “prover os data centers de energia limpa”, a fim de que eles possam “processar os dados com seguranças cibernética e jurídica” para empresas de todo o planeta. Isso colocará a economia brasileira em uma direção “simultaneamente digital e verde”.
No evento, Haddad também disse que o governo federal quer apresentar na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) 30, em Belém, em novembro, “alguns arranjos financeiros avançados” que permitam o “pagamento de serviços ambientais para países pobres manterem as florestas tropicais em pé”. Esses arranjos vêm sendo elaborados em parceria com Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Fundo Monetário Internacional (FMI), entre outros. Além disso, o governo começou a “esboçar um modelo de mercado internacional de crédito de carbono”.
No domingo, antes do evento promovido pelo Milken Institute, o ministro da Fazenda realizou também em Los Angeles a sua primeira reunião com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Ambos classificaram o encontro como positivo, e de acordo com Haddad as conversas deram início a negociações para que sejam alcançados “os termos de um entendimento” a respeito das novas tarifas de importação prometidas pelo presidente americano, Donald Trump.
“Não faz muito sentido manter uma tarifação sobre não apenas o Brasil, mas sobre a região [América do Sul] como um todo”, disse o ministro da Fazenda, após a reunião. “O mais importante neste momento é dizer que nós estamos em uma mesa, negociando os termos de um entendimento. Mas acredito que a postura do secretário foi bastante frutífera e que mostrou uma abertura para o diálogo bastante importante.”
Ainda de acordo com o ministro, a conversa com o americano também abordou “vantagens comparativas que o Brasil tem para atrair investimentos nas áreas de energia verde, minerais críticos e assim por diante, passando pelas relações bilaterais”.
Já Bessent usou sua conta no X para afirmar que teve uma “boa primeira conversa pessoalmente” com Haddad. “Enfatizei a importância da nossa relação bilateral no Ocidente”, escreveu.
Fonte: Valor Econômico

