Por Dow Jones — Washington
04/09/2023 12h05 Atualizado há 21 horas
Autoridades dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Europeia (UE) planejam pressionar os Emirados Árabes Unidos (EAU) nesta semana para interromper os envios de mercadorias para a Rússia que poderiam ajudar Moscou na guerra contra a Ucrânia, de acordo com autoridades dos países.
Membros de governos da Europa e EUA estarão nos Emirados Árabes Unidos a partir de segunda-feira como parte de um esforço coletivo global para manter chips de computador, componentes eletrônicos e outros produtos de uso civil e militar fora do alcance dos russos.
Os Emirados Árabes Unidos, junto com a maioria dos outros países não pertencentes ao grupo das sete principais economias ricas (G7), se recusaram a aderir às sanções impostas pelos EUA, Reino Unido e UE contra a Rússia, mas disseram que não querem que o país seja usado como um centro para empresas ocidentais burlarem as sanções.
Autoridades dos EUA e da Europa dizem que estão cada vez mais preocupadas com o fato de cada vez mais produtos fabricados no Ocidente estarem sendo enviados à Rússia através dos Emirados Árabes Unidos à medida que os EUA pressionam outros países, incluindo vizinhos da Rússia, como a Armênia, para diminuírem o comércio com Moscou.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que as autoridades estavam buscando ajuda de todos os países que “estão sendo usados para contornar os controles de exportação e desviar produtos proibidos” para a Rússia.
Os enviados dos EUA, do Reino Unido e da UE também viajaram para países como a Turquia e o Cazaquistão para pressionar as autoridades locais a impedir que produtos ocidentais de dupla utilização chegassem ao campo de batalha.
Outros países também ajudaram a Rússia a receber tecnologias essenciais de dupla utilização. O comércio entre a Rússia e a China cresceu após a invasão, com Pequim exportando mais de US$ 300 milhões em semicondutores e circuitos integrados para a Rússia, acima dos US$ 230 milhões do ano anterior, segundo dados comerciais das Nações Unidas.
Os EAU, um parceiro de longa data dos EUA no Oriente Médio, condenou várias vezes a invasão da Ucrânia na ONU, mas também tentou manter laços com a Rússia, parte de uma estratégia de política externa ampla.
Um funcionário do governo americano disse que o país árabe cumpre as sanções impostas pela ONU e mantém um diálogo estreito com parceiros internacionais, incluindo os EUA e a UE, sobre o conflito na Ucrânia e as suas implicações para a economia global.
O responsável disse que o Estado do Golfo está monitorando a exportação de produtos de dupla utilização e está empenhado em proteger “a integridade do sistema financeiro global”.
O clima geopolítico e a reputação do país como um centro de investimento estável provocaram o aumento dos fluxos de capital para os EAU, onde vivem agora pessoas de mais de 200 nacionalidades, incluindo russos e ucranianos não sancionados, segundo o membro do governo americano.
O Ministro da Indústria e Comércio da Rússia, Denis Manturov, disse em fevereiro que o comércio bilateral entre a Rússia e os Emirados Árabes Unidos cresceu 68% em relação ao ano anterior, para US$ 9 bilhões em 2022, de acordo com um relatório da agência de notícias estatal russa “TASS”.
De acordo com dados comerciais russos obtidos pela Escola de Economia de Kiev, os EUA exportaram US$ 149 milhões em componentes e módulos de computador para a Rússia nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com US$ 1 milhão no mesmo período do ano passado. As exportações de equipamentos de comunicações cresceram de zero para US$ 64 milhões no mesmo período do ano passado, enquanto as exportações de equipamento elétrico aumentaram de US$ 1 milhão para US$ 20 milhões.
Fonte: Valor Econômico

