Ganhos com aquisição podem chegar até R$ 275 milhões
Por Raquel Brandão — De São Paulo
03/08/2022 05h01 Atualizado há 2 horas
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Grupo liderado por Mario Queiros se torna o segundo maior de farmácias — Foto: Jarbas Oliveira/Valor
Depois de pouco mais de um ano do acordo de compra, a varejista farmacêutica Pague Meno s concluiu na segunda-feira a aquisição da Extrafarma, operação de farmácias que pertencia ao grupo Ultrapar. Inicialmente avaliada em R$ 700 milhões, a transação teve valor final de R$ 737 milhões, com pagamento de 50% desse montante na conclusão da compra. As projeção de ganhos com sinergias também mudou. Passou do intervalo de R$ 150 milhões a R$ 250 milhões para R$ 180 milhões a R$ 275 milhões.
“Com a Extrafarma nos tornamos a segunda maior empresa do nosso setor e uma das 10 maiores de todo o varejo. Nos próximos meses foco total na integração”, disse o presidente da Pague Menos, Mario Queiros, em teleconferência a analistas ontem. O novo grupo soma 1.591 lojas, receita bruta de R$ 5,43 bilhões e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 410 milhões.
Os primeiros efeitos da integração da Extrafarma devem começar a ser sentidos ainda no quarto trimestre, de acordo com a empresa. A expectativa é de que o ganho de Ebitda venha por sinergias em vendas, melhoria de margem bruta, redução de despesas gerais e administrativas e integração logística.
São aspectos importantes para a Pague Menos, que registrou um trimestre de números fracos, segundo analistas. O lucro líquido caiu 22,8%, para R$ 53,5 milhões. A receita líquida somou R$ 2,07 bilhões, alta de 9,1%, mas com ritmo de vendas em lojas abertas há pelo um ano mais intenso no Sul e Sudeste do que no Norte e Nordeste, onde a companhia tem maior presença, e com rupturas de produtos impactando as vendas.
“Não devemos ter mais questão de ruptura no terceiro trimestre”, afirmou Queiros. De abril a junho, o volume vendido cresceu 8,9% enquanto o tíquete médio recuou 0,3%, pressionado, entre outros pontos, pela maior participação de genéricos, itens de marca própria e medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês).
A categoria de OTC, inclusive, tem sido fator de preocupação para o setor, porque pode começar a ser vendida em supermercados caso o projeto de lei 1.774/2019 seja aprovado, aumentando a concorrência. “O que queremos como rede é jogar o mesmo jogo, que as mesmas exigências feitas a nós sejam feitas para eles [supermercados]”, disse Queiros.
A empresa também busca lidar com a perda de participação de mercado, que passou de 5,4% para 5% no país. A líder Raia Drogasil, por sua vez, aumentou sua fatia em 0,4 ponto percentual, para 14,4%. O lucro líquido da rival cresceu 43%, para R$ 363,5 milhões, e a receita subiu 22%, para R$ 7,18 bilhões. Para a equipe do Itaú BBA, entre os riscos a serem observados está justamente como a Pague Menos poderá apresentar ganhos de participação de mercado com a integração da Extrafarma.
“Quando vamos ver nosso ‘market share’ neutralizando ou voltando a ganhar mercado? Quando nosso ritmo de abertura de lojas estiver em linha ou acima do mercado, que está crescendo com novas lojas”, disse Queiros. O executivo planeja abrir 120 unidades neste ano e afirma que a integração da Extrafarma não interfere no plano de crescimento orgânico.
A conclusão do negócio, no entanto, muda a situação financeira no curto prazo. A alavancagem passa de 1,7 vez para cerca de 2,7 vezes. Pode chegar a 3 vezes após seis meses da união e só deve voltar ao patamar anterior à aquisição após dois anos da operação, estima a empresa. “A estimativa já contempla todo o investimento que pretendemos fazer e estamos confortáveis nessas condições”, disse o diretor financeiro, Luiz Novais. Colaborou Cristiana Euclydes
Fonte: Valor Econômico