Segundo o ministro, as condições do visto, com restrições à circulação, inviabilizam sua participação em dois eventos importantes, como a ida à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Washington
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira (19) em entrevista à GloboNews que não participará da Assembleia Geral da ONU, na próxima semana.
Segundo o ministro, as condições do visto oferecidas pelos Estados Unidos, com restrições à circulação, inviabilizam sua participação em dois eventos importantes, como a ida à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que acontece em Washington, logo depois da agenda na ONU.
“E também impede a participação em reuniões fora da estrutura com outros ministros. Eu presido a parceria do Brics na área da saúde e o Brasil preside a coalisão das 20 nações mais ricas na área da saúde. Nós teríamos várias reuniões bilaterais que, na prática, não poderia ocorrer”, afirmou o ministro.
“São inaceitáveis as condições. A restrição não é a mim como cidadão. Eu não tenho interesse em viajar ao país, mas impede a ida de um ministro do Estado. Na prática, me impede de participar de um conjunto de atividade que nós fomos convidados como representantes do Brasil”, disse o ministro.
Ele enumerou entre as visitas reuniões de organismos internacionais ligados à saúde, mas também com indústrias farmacêuticas que ficam fora do círculo da ONU e que buscam parcerias com o governo brasileiro.
Segundo Padilha, o Brasil estava preparando o anúncio de uma parceria na Opas que iria permitir a compra de medicamentos mais baratos para todas as Américas. Apesar do anúncio não poder ser feito, ele garantiu que o espírito de cooperação não sucumbirá.
“Qualquer tentativa de restrição de atuação do Brasil na área da saúde não nos intimidará. O Brasil continua defendendo a vacina, os investimentos na ciência”, garantiu.
Segundo ele, a presença do Brasil é porque o país se torna cada vez mais um local de atração de investimento na área da saúde, em contraponto aos Estados Unidos.
De acordo com Padilha, esse posicionamento ficou claro em uma nota, em tom duro, a todos os integrantes da Opas, da qual os EUA fazem parte.
Mais cedo, em um evento na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, ele também criticou as condições impostas pelo governo Donald Trump.
“Primeiro que eu não sou procurado pela Interpol, não sou condenado a nada no país para ter tornozeleira eletrônica nem do Brasil nem dos Estados Unidos e terceiro que essa é uma atitude para impedir que o Brasil [participe da Opas]”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico