Semaglutida, princípio ativo do remédio injetável, está em lista de escassez global
Por Juliana Steil, Valor — São Paulo
A semaglutida, princípio ativo das canetas injetáveis Ozempic e Wegovy, está na lista de drogas em falta, segundo a Food & Drug Administration (FDA), agência reguladora equivalente à Anvisa nos Estados Unidos.
Os remédios têm uso aprovado para tratar diabetes tipo 2 no Brasil, mas a escassez da semaglutida está associada, na verdade, ao uso off label das canetas, que viralizou nas redes sociais como um método efetivo e rápido para a perda de peso.
O princípio ativo foi incluído na lista de drogas em falta da FDA em dezembro de 2022, e a disponibilidade é considerada limitada, sem previsão para quando a situação global de oferta será normalizada.
Questionada sobre a oferta dos medicamentos no Brasil, a farmacêutica responsável, Novo Nordisk, informou ao Valor que o Ozempic 0,25 mg e 0,5 mg estão com a disponibilização normalizada no mercado brasileiro desde setembro passado.
Já a apresentação em 1 mg deve seguir, ao longo de todo o primeiro semestre deste ano, com a disponibilidadeintermitente devido à demanda maior que a prevista pela farmacêutica.
“Importante ressaltar que não há problemas de qualidade ou regulatórios com nenhuma das apresentações do produto”, informou por nota.
O Wegovy, por outro lado, ainda não foi lançado no Brasil, apesar de ter recebido autorização por parte da Anvisa há mais de um ano, em janeiro de 2023. Este medicamento é, justamente, o mais afetado pela escassez global do princípio ativo, de acordo com o FDA.
Falsificações diante de escassez
Diante da escassez global, a Organização Mundial da Saúde (OMS), emitiu um alerta na última semana sobre o aumento da falsificação dos remédios da Novo Nordisk.
“A escassez afeta negativamente o acesso a produtos médicos e cria um vácuo que muitas vezes é preenchido por versões falsificadas”, diz a nota.
No Brasil, a Anvisa já identificou pelo menos três lotes falsificados, de junho a janeiro. São eles: LP6F832, MP5C960 e MP5A064 -os dois últimos com embalagem em espanhol e concentração de 1 mg, diferente da que consta no medicamento original.
Mounjaro não será afetado
Principal concorrente da Ozempic no Brasil, o Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, não é afetado pela escassez de semaglutida. Isso porque, embora tenha aplicação semelhante ao Ozempic, o Mounjaro usa o princípio ativo tirzepatida, que tem oferta global normalizada no momento.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/3/i/e2AW7wSDiGOE5HAOzWkw/tirzepatida-20mounjaro.jpg)
Fonte: Valor Econômico