Operadores de títulos precificaram um início antecipado dos esperados cortes nos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), devido a novas indicações de que o mercado de trabalho dos Estados Unidos está perdendo força.
Eles preveem que o Fed reduzirá as taxas de juros já em setembro, em vez de outubro, como previsto anteriormente, enquanto continuam precificando pelo menos um corte adicional de 0,25 ponto percentual até o final do ano.
Um aumento inesperado nos novos pedidos de auxílio-desemprego desencadeou a reprecificação dos contratos de swap atrelados às mudanças de política monetária do Fed. O mercado de títulos do Tesouro americano (Treasuries) se valorizou em paralelo, após ter alcançado seu maior avanço diário em dois meses na quarta-feira (4), também em resposta a um indicador fraco do mercado de trabalho.
“A economia está desacelerando”, disse à Bloomberg TV Krishna Memani, diretor de investimentos do Lafayette College. “Os dados concretos estão enfraquecendo. Há uma tendência substancial de desaceleração da economia que oferece ao Fed o caminho para cortar os juros, não hoje, mas no segundo semestre do ano”, acrescentou Memani.
A queda nas taxas de swap e nos rendimentos dos Treasuries estagnou quando os futuros dos índices de ações dos EUA subiram após relatos de que o presidente americano Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, realizaram sua primeira conversa telefônica oficial desde que Trump assumiu o cargo em janeiro. As tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo causaram episódios de aversão ao risco e deslocamento de fluxos de capital de ações para títulos.
Além disso, os rendimentos dos títulos de curto prazo da Alemanha atingiram uma máxima em duas semanas, depois que a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sugeriu que era possível que a autoridade monetária revisasse para cima sua previsão de crescimento no futuro.
O rendimento do Treasury com vencimento em dois anos, mais sensível às expectativas de política monetária do Fed, voltou a apresentar pouca variação após cair até quatro pontos-base, enquanto os vencimentos mais longos tiveram pequenos ganhos.
Medido pelo índice Bloomberg Treasury, o ganho de quarta-feira — impulsionado por um indicador abaixo do esperado do crescimento do emprego no setor privado — foi o maior desde 3 de abril. Dados de contratos futuros em aberto, divulgados após o fechamento, indicaram que novas posições compradas foram definidas, e o preço do contrato da nota de 10 anos atingiu um nível que, provavelmente, levaria os vendidos a cobrirem as posições, disseram estrategistas de juros do Citigroup.
Os dados semanais sobre os pedidos de auxílio-desemprego mostraram um aumento inesperado, que reorientou a atenção dos investidores para a possibilidade de que o Fed agirá para evitar uma maior erosão do mercado de trabalho, mesmo com o aumento das expectativas de inflação de curto prazo, com base na agenda tarifária do governo Trump.
Antes da divulgação do relatório oficial de emprego de maio, que acontece na sexta-feira (6), os dados dos pedidos de seguro-desemprego não foram suficientes para desencadear ganhos sustentáveis nos Treasuries.
“Os números de pedidos estão em tendência de alta, mas não estão em território alarmante”, disse Gregory Faranello, chefe de estratégia e negociação de juros dos EUA da AmeriVet Securities.
Fonte: Valor Econômico

