A Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem reconhecido o desenvolvimento do setor petroleiro no Brasil e defende que o país pode se tornar referência em exploração “offshore” (em alto-mar, em inglês) caso tenha sucesso na Margem EquatorialCotação de Equatorial. No relatório anual do grupo, divulgado na semana passada, a Opep reservou um capítulo somente para o Brasil, no qual trouxe uma seção em que afirma a importância da nova fronteira.
“Se bem-sucedida, a Margem EquatorialCotação de Equatorial poderá estabelecer o Brasil como um dos principais polos de exploração offshore do mundo, garantindo a segurança energética, diversificando o fornecimento e criando novas oportunidades econômicas para as próximas décadas”, diz o texto da Opep, que teve suporte do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
A Opep faz ainda ponderações sobre a atividade: “Apesar do significativo potencial da região, a exploração na Margem EquatorialCotação de Equatorial enfrenta desafios técnicos e ambientais. A área exige investimentos substanciais em tecnologia e segurança operacional, além de garantir a sustentabilidade ambiental para minimizar potenciais impactos. O desenvolvimento de infraestrutura para transporte e refino também será um fator crucial para a viabilidade comercial da produção”.
O grupo reforça que a região pode garantir os níveis de produção de petróleo do Brasil após 2030, quando as bacias de Campos e Santos começam processos naturais de declínio. Conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a Margem EquatorialCotação de Equatorial como um todo, incluindo as bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, tem potencial de produzir cerca de 30 bilhões de barris de óleo equivalente. Segundo os estudos, a produção na região poderia incluir 1,1 milhão de barris por dia a partir de 2029.
O Brasil concretizou a proximidade da Opep quando oficializou, em fevereiro de 2025, a entrada no grupo de aliados da organização. O país não irá participar do sistema de cotas de produção, mas sinaliza a cooperação com o grupo.
Para o IBP, o documento da Opep reafirma a posição do Brasil como potência energética global, com destaque para a matriz diversificada, que equilibra a significativa produção de petróleo e gás com um compromisso crescente com fontes renováveis. A produção total brasileira de líquidos, que inclui petróleo e condensados de gás natural, quase dobrou entre 2010 e 2024, atingindo 4,2 milhões de barris por dia em 2024, com projeção de pico em cerca de 5,8 milhões de barris por dia no final da década de 2030.
Na publicação anual da Opep, o grupo destaca o Brasil como um dos maiores produtores entre os países que não aderem às cotas de produção: “O Brasil se mantém como um dos principais impulsionadores do grupo não-Opep em crescimento de produção. A médio prazo, o Brasil só perde para os Estados Unidos com projeção de aumento da produção de 1,1 milhão de barris por dia em 2030”.
Conforme o estudo, o que favorece a perspectiva brasileira é a lista de projetos em preparação, com cerca de 17 plataformas esperadas a entrarem no sistema nos próximos anos.
“Mesmo além do horizonte de médio prazo, espera-se que o Brasil veja a produção total de líquidos continuar a se expandir, embora em um ritmo mais modesto”, diz o grupo.
A Opep completa: “Assumindo a continuidade da atividade nas bacias de águas profundas do pré-sal, a possível abertura de novas fronteiras, bem como um modesto aumento na produção de etanol, espera-se que a produção total de líquidos do Brasil atinja um pico de cerca de 5,8 milhões de barris por dia no final da década de 2030 e ainda mantenha uma média de 5,7 milhões de barris por dia até 2050”.
Fonte: Valor Econômico

