27 Feb 2024
Plano é realocar no norte os civis hoje aglomerados em Rafah, no extremo sul do território palestino. Eles iriam para áreas que o Exército de Israel considera livres do comando do Hamas.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse ontem que o Exército já tem um plano para a retirada em massa da população civil das “zonas de combate” perto da cidade de Rafah, alvo da ofensiva final de Israel contra o Hamas em Gaza. Segundo o premiê, cerca de 1,3 milhão de refugiados poderiam ser deslocados para o norte de Rafah, para áreas onde o Exército de Israel já teria terminado as operações militares.
A pressão internacional contra o bombardeio de Rafah vem isolando Israel. Mas, embora venha dizendo que a ofensiva é necessária para derrotar o Hamas, Netanyahu também tem demonstrado otimismo nos últimos dias com relação às negociações para um cessar-fogo – e estrategistas militares não descartam a possibilidade de o premiê estar usando a ameaça de invadir Rafah como ferramenta para obter vantagem nas discussões.
NEGOCIAÇÃO. Ontem, uma delegação israelense chegou ao Catar para continuar as negociações com mediadores internacionais com o objetivo de garantir um cessar-fogo temporário e a libertação de alguns reféns israelenses.
Nos EUA, o presidente americano, Joe Biden, afirmou ter a “esperança” de que se alcance um acordo para um cessarfogo em Gaza na semana que vem. “Meus assessores de segurança nacional me dizem que estamos perto, mas não estamos lá ainda. Minha esperança é que tenhamos um cessar-fogo até segunda-feira”, disse.
Segundo o jornal New York Times, o governo de Israel já aceitaria libertar importantes líderes palestinos que cumprem longas penas de prisão em troca de alguns reféns mantidos pelo Hamas em Gaza – se confirmada a possibilidade, seria uma mudança radical da política israelense.
Os esforços internacionais para se chegar a uma trégua, até então, esbarraram na recusa de Israel em libertar palestinos condenados por assassinato e em se comprometer com um cessar-fogo permanente, duas das exigências do Hamas.
CAUTELA. Agora, porém, segundo o New York Times, os israelenses teriam concordado com uma proposta dos EUA para a libertação de 5 soldados de Israel em troca de 15 palestinos condenados por terrorismo, segundo duas autoridades que participaram da mediação em Paris que envolveu Egito, Catar e EUA, na semana passada.
Até agora, o governo israelense evita esse tipo de concessão, em parte porque a libertação de palestinos condenados por atos de terrorismo, mesmo em troca de reféns israelenses, causaria uma onda de críticas internas ao governo.
Outros elementos de um possível acordo – incluindo a duração de um cessar-fogo e a exigência do Hamas de uma retirada completa das forças militares israelenses de Gaza – ainda estão em discussão.
A proposta dos EUA permitiria a libertação de cerca de 40 dos mais de 100 reféns que ainda estariam em Gaza. Entre os primeiros da fila estão 5 mulheres soldado e vários civis, incluindo doentes, feridos e idosos – ficam de fora os soldados homens, cuja libertação seria foco de negociação diferente.
Israel estaria disposto a libertar mais palestinos para cada refém, incluindo seis para cada civil acima de 50 anos, e 12 presos por cada doente ou ferido. Para cada uma das cinco mulheres soldado que ainda estão em cativeiro, Israel libertaria três prisioneiros importantes e outros 15 de menor periculosidade. •
Fonte: O Estado de S. Paulo
