Por Tom Fairless e Andrew Duehren — Dow Jones Newswires, de Königswinter (Alemanha)
20/05/2022 05h01 Atualizado há 9 horas
As economias mais ricas do mundo esperam chegar a um acordo sobre um plano de ajuda econômica de emergência para a Ucrânia nesta semana, depois que os Estados Unidos pressionaram seus aliados a darem mais apoio financeiro ao país em guerra.
Os ministros das Finanças do G7 (grupo das sete maiores economias ricas), reunidos na Alemanha, têm como meta um pacote de US$ 15 bilhões, para cobrir o rombo no orçamento do governo da Ucrânia por três meses, segundo autoridades europeias. Elas acrescentaram que um acordo pode ser anunciado hoje. Os ministros das Finanças do grupo – formado por EUA, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido – também discutem as perspectivas econômicas negativas causadas do impacto da guerra na Ucrânia na recuperação do mercado mundial.
“Temos de garantir a liquidez do Estado ucraniano”, disse a jornalistas o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, enquanto se dirigia para a reunião, no histórico Hotel Petersberg, que foi a sede do Alto Comissariado Aliado para a Alemanha de 1949 a 1955, e tem vista para a antiga capital do país, Bonn, e o rio Reno.
Depois de quase três meses de guerra e com grande parte de sua infraestrutura, moradias e capacidade de produção destruídas, a Ucrânia pode ter o tamanho de sua economia reduzido pela metade neste ano, de acordo com algumas previsões.
Os EUA e seus aliados ocidentais procuram formas de ajudar o governo do presidente Volodymyr Zelensky a pagar dívidas e continuar a oferecer serviços básicos para os ucranianos, como aposentadorias e salários para médicos e professores. Eles também discutem como financiar a reconstrução da Ucrânia a longo prazo, o que pode custar pelo menos US$ 500 bilhões, na avaliação de instituições internacionais – autoridades ressalvaram que as negociações sobre esse tema ainda estão em um estágio inicial.
Lindner disse que estava otimista quanto à possibilidade de que os ministros de Finanças do G-7 consigam levantar nesta semana os “mais de dez bilhões de euros” necessários para financiar a Ucrânia durante os próximos meses.
Na quarta-feira a União Europeia (UE) anunciou que poderia oferecer até € 9 bilhões em ajuda de curto prazo, mesmo valor proposto pelos EUA. Além desses recursos, cuja liberação ainda precisa ser aprovada pelos governos dos países membros do bloco e pelo Parlamento europeu, a UE já tinha oferecido um empréstimo de € 1,2 bilhão.
Nos EUA, um pacote de ajuda de cerca de US$ 40 bilhões, incluindo US$ 8,8 bilhões para a Ucrânia, foi aprovado ontem pelo Senado.
“Teremos de procurar outros parceiros do G7 – como Japão, Canadá, Reino Unido – para contribuírem também, mas acredito que a UE fará uma contribuição significativa”, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, na terça-feira após uma reunião em Bruxelas.
O dinheiro da UE virá sob a forma de um empréstimo de longo prazo garantido pelos 27 países-membros. Um subsídio da UE vai garantir que o empréstimo seja a juros baixos, disse o comissário Europeu de Comércio, Valdis Dombrovskis, na quarta-feira. A ajuda dos EUA assumirá a forma de doações, e não de empréstimos, e Washington pressiona os aliados a também oferecerem doações a Kiev, segundo fontes do Tesouro.
Embora a UE tenha aumentado sua assistência à Ucrânia, inclusive ao receber milhões de refugiados ucranianos, sua ajuda foi ofuscada pela prestada pelos EUA, segundo dados do centro de análise e pesquisa Instituto de Economia Mundial de Kiel, da Alemanha.
Governos e instituições da UE transferiram cerca de € 16 bilhões para a Ucrânia entre 24 de janeiro e 10 de maio, o equivalente a pouco mais de um terço do dinheiro encaminhado pelos EUA, que anunciou € 43 bilhões em apoio militar, financeiro ou humanitário no mesmo período, diz o instituto.
“Essa grande discrepância é surpreendente. Seria de se esperar que a UE ajudasse um país vizinho pelo menos no mesmo nível que os distantes EUA”, disse Christoph Trebesch, diretor do instituto.
Uma das grandes preocupações é o crescente déficit público com que Kiev se defronta. O setor agrícola da Ucrânia, que representa uma parte grande da economia, foi duramente atingido pela guerra, com plantações destruídas e vendas de grãos bloqueadas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a Ucrânia precisará de cerca de US$ 5 bilhões ao mês em auxílio para manter o país em atividade.
Fonte: Valor Econômico

