Por Sérgio Tauhata e Gabriel Caldeira, Valor — São Paulo
19/05/2023 18h52 Atualizado há 2 dias
Os núcleos de inflação estão muito altos e desaceleram lentamente em diversos países, destacou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante seminário organizado pela autoridade monetária em São Paulo.
Campos Neto destacou especialmente a força do emprego e do setor de serviços na inflação. “As pessoas parecem estar buscando mais experiências e menos bens, seja isso uma mudança de hábito ou não”.
Ele ainda lembrou que a atividade tem surpreendido em alta não só no Brasil, como também em várias regiões do mundo.
Campos defendeu ainda que o país precisa realizar “reformas estruturais que abaixem o juro neutro e aumentem o crescimento estrutural” da economia. Para o presidente do BC, discute-se muito se a taxa Selic deve subir ou descer, quando o mais importante seria abordar essas reformas estruturais.
“A meta de inflação tem nos servido bem. Temos que perseverar em trazer a inflação para a meta”, argumentou.
Campos Neto afirmou ainda que há uma desconexão entre o crédito e a expectativa de crescimento das economias. O dirigente lembrou que, no Brasil, com a Selic a 13,75% ao ano, o BC conseguiu desacelerar o crescimento do crédito de 13,5% para “algo como 7,6%”. Já nos EUA, por exemplo, o juro do Fed subiu para 5%, mas foi o suficiente para zerar o crescimento do credito.
Entre outros fatores estruturais importantes, Campos Neto destacou que os BCs do mundo todo precisam levar em conta que o custo marginal para transferências bancárias vai zerar. O presidente do BC lembrou ainda que as pessoas não transferem mais dinheiro de um banco para outro, mas também para outros arranjos como fundos e carteiras digitais.
Além disso, os efeitos de fenômenos climáticos extremos também devem ser incorporados às políticas monetárias.
Por fim, o presidente do BC reforçou que, com a velocidade atual do sistema financeiro, “corridas bancárias coletivas” são uma possibilidade.
Fonte: Valor Econômico
