A Novus Capital acabou de encerrar suas posições aplicadas em juros — que apostavam na queda das taxas futuras — no Brasil após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta fiscal de 2024.
Segundo Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus, a gestora apostava na queda das taxas globais de juros, diante dos sinais de desaceleração econômica e de menor volatilidade nos rendimentos dos Treasuries nas últimas sessões. No entanto, dada a nova piora na percepção de risco fiscal no Brasil, é mais vantajoso buscar oportunidades em outros países, na avaliação do profissional.
“Nossa cabeça mudou bastante hoje. A gente vinha com um viés de aplicar no mundo todo, achando que a economia global vai começar a desacelerar e que essa volatilidade nos juros dos EUA começaria a diminuir. Mas acabamos zerando nossas posições aplicadas no Brasil hoje. É melhor ter risco lá fora do que aqui, até termos mais certeza de como vamos lidar com essa questão da meta fiscal”, afirma.
Para Portella, as declarações de Lula vêm em um momento bastante ruim, dada a proximidade da reunião de política monetária do Copom, na quarta-feira. “O Copom já está preocupado com o cenário internacional. Agora tem o Lula falando que pode aumentar a meta [de resultado primário]. Isso tudo aumenta a probabilidade do Copom preferir não se comprometer com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Pode ser que venha um discurso de que vão decidir a cada reunião se os cortes vão ser de 0,5 p.p ou se vão ser menores”, avalia.
O gestor lembra que até o momento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vinha defendendo a meta de déficit primário zero no ano que vem, mesmo sabendo das dificuldades de que ela fosse atingida. “E que, se não atingisse a meta, os gatilhos seriam acionados. Essa discussão tinha ficado só para o ano que vem e o mercado esperava que ela fosse retomada só em abril. O fato de o Lula ter feito essas declarações hoje liberam a discussão sobre a mudança da meta”, conclui.
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Luiz Eduardo Portella, gestor e sócio da Novus Capital — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Fonte: Valor Econômico

