A rede de atacarejo Assaí vai concentrar foco em iniciativas para 2026 que exigem baixo desembolso, dentro de um plano de investimentos de R$ 700 milhões no ano que vem e 10 lojas a serem abertas – abaixo do R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão de investimentos neste ano.
São três projetos centrais, de lançamento de marcas próprias do grupo (algo que a atacadista no passado deixava em segundo plano); criação de novos produtos financeiros, um projeto que avançou até hoje mais devagar; e criação de farmácias nas lojas, como já permitido por lei após mudanças regulatórias. Os temas foram tratados ontem em reunião anual da direção com analistas.
Em linhas gerais, as primeiras entregas dessas iniciativas devem ocorrer entre o primeiro e o segundo trimestres de 2026. A maquininha de cartão está em fase piloto, é o primeiro produto financeiro para pessoa jurídica que será lançado, devendo chegar no mercado nos primeiros meses de 2026.
O Assaí tem cerca de 40 milhões de clientes, segundo dados da consultoria NielsenIQ Homescan, mas desenvolveu mais lentamente projeto paralelos ao atacarejo em si pelo foco maior da rede, nos últimos anos, primeiro no crescimento orgânico e depois, na redução de alavancagem financeira.
Sobre a área de farmácias, a empresa criará um “mundo saúde” nas lojas, que concentrará iniciativas relacionadas à saúde e bem-estar, mercado com crescimento mais contínuo e em taxas mais altas do que alimentos.
O primeiro projeto será a de criação de farmácias, inicialmente localizadas nas galerias de unidades. Os testes começarão antes da aprovação do projeto de lei 2.158/2023, que autoriza a venda de medicamentos em supermercados. E caso a lei passe, então a rede poderá expandir essas farmácias para a área interna dos pontos.
Outra iniciativa anunciada é o desenvolvimento de produtos de marcas próprias, de margem mais elevada para a rede.
Inicialmente, serão duas marcas: uma que levará o próprio nome, Assaí, com foco no consumidor final, e outra, chamada Chef, que já existe e será remodelada para o público pessoa jurídica. O projeto terá início nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, considerando a escala da companhia nessas regiões (são cerca de 160 lojas nos dois Estados), com logística não tão cara e sistema tributário similar.
A rede acredita que haverá aumento na demanda por marcas de preços populares nos próximos anos, e a indústria tem ocupado esse mercado com a troca de marcas mais caras por mais baratas nas últimas crises, além da diminuição de tamanho das embalagens.
A intenção do Assaí é ocupar parte desse mercado agora porque há uma conjunção de fatores mais positivos, como força maior da marca Assaí e demanda latente. Concorrentes como Roldão e Tenda Atacado já estão nesse mercado há anos, e todas enfrentam ainda barreiras pelo crescimento na demanda dos clientes pela segunda marca da indústria tradicional, competitiva e respeitada hoje.
No caso da expansão dos serviços financeiros, a estratégia inclui o lançamento de uma maquininha própria para empresas, e um novo aplicativo, o “Meu Negócio Assaí”, para pessoa jurídica. A intenção é não utilizar “funding” próprio nesse projeto, até pelo foco em desalavancagem da empresa, e por conta disso, parceiros financeiros devem bancar a necessidade de capital. O grupo já tem o cartão de crédito “Passaí” com dois milhões de unidades, especialmente para classes C e D.
Fonte: Valor Econômico