Entidades relatam novo aumento de casos positivos de covid-19 entre testes realizados por todo o Brasil
Por Juliana Steil, Valor — São Paulo
A taxa de casos positivos para covid-19 entre os testes realizados está aumentando nas últimas semanas, bem como o número total de infectados compilados pelo Ministério da Saúde. A alta sugere uma nova onda da doença no país, mas especialistas apontam que, desta vez, os pacientes estão com sintomas mais brandos em relação ao que já foi visto em surtos anteriores.
O motivo está, principalmente, na incidência de subvariantes da ômicron, como a Éris (EG.5). Essa, em específico, desenvolveu uma mutação na proteína Spike, sugerindo escape imunológico, de acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso quer dizer que ela pode driblar nosso sistema imunológico com mais facilidade do que outras variantes em circulação, mas isso não está necessariamente atrelado a uma possível maior gravidade da doença.
Entre os especialistas ouvidos pelo Valor, porém, mesmo que o aumento de casos possa estar atrelado à circulação dessas subvariantes, a queda nas pesquisas de sequenciamento do vírus dificulta apontar, com certeza, se a Éris é a principal delas em circulação no país.
De qualquer forma, os eventos recentes têm apresentado alguns aspectos em comum: os casos da doença registrados são, geralmente, com sintomas mais brandos e desenvolvimentos menos graves em comparação às ondas anteriores da doença.
“Toda doença causada pela ômicron é covid igual, mas um pouco mais branda, tem tendência de ter sintomas do trato respiratório alto e causa menos pneumonia, menos sintomas graves”, aponta o virologista José Eduardo Levi, do Laboratório Dasa.
Além disso, o pesquisador científico do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), Marcelo Bragatte, que coordena projetos de divulgação científica da entidade, aponta que há aumento de relatos de desconfortos e dores na garganta entre os infectados.
Os sintomas mais comuns das subvariantes da ômicron são:
- Tosse
- Febre
- Dores na garganta
- Dores pelo corpo
- Prostração (cansaço extremo)
O que fazer se tiver esses sintomas?
O ideal é fazer o teste para atestar ou descartar a covid caso o paciente apresente qualquer quadro respiratório e/ou gripal, de acordo com Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
A recomendação serve tanto para se ter o diagnóstico correto, quanto para reduzir o risco de transmissão — já que, em casos positivos, a recomendação é de uso de máscara e isolamento.
Qual o tratamento?
Conforme a cartilha publicada pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, a maioria das pessoas que desenvolve sintomas leves pode se recuperar em casa.
“Você pode tratar os sintomas com medicamentos vendidos sem receita, como paracetamol ou ibuprofeno, para ajudar a se sentir melhor”, indica a entidade.
Porém, caso tenha comorbidades que aumentem a probabilidade da doença se agravar, há tratamento disponível que reduz as chances de hospitalização. Este é o caso de pessoas idosas com mais de 65 anos ou imunossuprimidos por alguma razão.
No Brasil, o tratamento é gratuito para esses grupos na rede pública de saúde. “Para os grupos mais vulneráveis, a administração do antiviral deve ser feita o mais precocemente possível”, indica Chebabo. Trata-se do medicamento Paxlovid, da Pfizer, que está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O medicamento também está disponível na rede privada por cerca de R$ 4,5 mil.
Fonte: Valor Econômico