Incertezas criadas pelo governo Trump puxaram quedas de papéis neste ano
O setor de biotecnologia é uma das principais apostas da Janus Henderson Investors, grupo global de gestão de ativos com sede em Londres. Segundo Sean Carroll, gestor de portfólio da empresa, apesar da insegurança causada pelas políticas do presidente americano, Donald Trump, o setor tem grande potencial de ganho. As ações estão no menor nível em 25 anos.
“O setor da saúde e, mais especificamente, o da biotecnologia nunca foram tão atraentes. Vimos um aumento de mais de 150% no número de novos medicamentos chegando ao mercado nas últimas duas décadas, com 132 novas terapias aprovadas nos últimos dois anos”, afirmou Carroll, que participou de painel no Global Managers Conference 2025, promovido pelo BTG Pactual, nesta quinta-feira, em São Paulo.
Ele afirma que há progressos significativos em áreas como combate a obesidade, câncer e doenças genéticas raras. Somente no setor a Janus Henderson tem US$ 15 bilhões em ativos.
“O setor de saúde está com grandes descontos, nunca foi tão eficiente, e é único por oferecer características defensivas.” De acordo com Carroll, dentro do segmento, há empresas voltadas ao crescimento, caso das de biotecnologia, e outras menos cíclicas, como grandes empresas farmacêuticas e planos de saúde.
Carroll cita que, em 2022, quando as ações americanas e globais caíram 18%, o setor de saúde caiu apenas 5%. “Nas últimas cinco quedas significativas nas ações globais, o setor de saúde teve, em média, cerca de metade das perdas.”
Para ele, a incerteza causada pelo governo Trump pesou sobre as ações, mas a pressão levou os papéis ao ponto de entrada mais atraente em décadas. “Os fundamentos são bastante sólidos, a inovação continua a acelerar.”
No mesmo painel, André Reis, analista de ações da MFS Investment Management (antiga Massachusetts Financial Services) apontou oportunidades fora dos Estados Unidos, muito além das tão faladas “Sete Magníficas” – Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon, Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp), Nvidia e Tesla. De acordo com ele, na China, há o grupo de “Dez Fantásticos”, composto por Alibaba, Tencent, Meituan, Xiaomi, BYD, JD.com, Baidu e outras empresas.
“Se você analisar uma por uma, o que vai perceber é que, enquanto a Amazon hoje é negociada a 26 vezes o lucro, a Alibaba é negociada a 11. Enquanto a Meta é negociada a 24 vezes o lucro, a Tencent é negociada a 16. Enquanto a Tesla é negociada a 140 vezes os lucros, a BYD é negociada a 19 vezes.”
Fonte: Valor Econômico