Por Anaïs Fernandes — De São Paulo
05/05/2023 05h00 Atualizado há 4 horas
O cenário mais provável para o Brasil no longo prazo – isto é, ao longo da próxima década – é de um crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% ao ano, estima a Tendências Consultoria. Recentemente, esse horizonte foi “estressado” pela possibilidade de elevação das metas de inflação, mas um arcabouço fiscal crível pode evitar maior deterioração das expectativas inflacionárias que essa alteração geraria, na avaliação da consultoria.
No cenário-base de longo prazo da Tendências, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deve elevar, na reunião de junho deste ano, a meta de inflação de 3% para 4% a partir de 2024. No cenário pessimista, iria para 4,5%, mas a banda superior da nova meta seria o objetivo de fato dos operadores da política monetária. No cenário otimista, não há alteração da meta.
A Tendências atribui chances de 60% para o cenário-base, 35% para o pessimista e apenas 5% para o otimista. “O sinal que queremos passar é que a chance de o cenário otimista se concretizar é baixíssima, mas existe, sim, uma possibilidade de o cenário pessimista ocorrer”, alerta Alessandra Ribeiro, sócia e diretora na Tendências.
Outros elementos, no entanto, ajudam a compor os cenários.
No básico, a economia global passa por uma desaceleração no curto prazo, mas sem maiores choques. O Brasil aprova a nova âncora fiscal com algum controle sobre os gastos e preocupação com estabilidade da dívida no médio prazo. E restrições políticas e de mercado reduzem a ambição do governo para rever reformas e regulações setoriais.
“É um cenário sem grandes avanços nem retrocessos. Tem uma análise política por trás disso, que é a de um governo relativamente fraco e que precisa de coalizão bastante ampla no Congresso, o que não é fácil”, diz Ribeiro.
No cenário pessimista, além da alteração ainda maior da meta de inflação e suas implicações, a economia global fica mais adversa com maior aperto monetário nas principais economias e desaceleração brusca da China; há uma crise de confiança decorrente de um afrouxamento do arcabouço fiscal e de alterações na composição do Banco Central para alinhar a política monetária ao governo; e ocorre uma deterioração da política microeconômica, com maior intervenção setorial. Nesse caso, o crescimento médio de 2023 a 2032 cairia para 1,3% ao ano.
No improvável cenário otimista, oposto a esse, o PIB médio na década saltaria para 2,8%, estima a Tendências.
Fonte: Valor Econômico


