27/03/2024 08h42 Atualizado há 10 horas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a medida provisória (MP) que cria o mecanismo de “hedge” cambial deverá ser apresentada na semana que vem. Segundo ele, o Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, ou Eco Invest Brasil, virá junto com outras propostas para o mercado de crédito.
De acordo com Haddad, a MP também tratará da criação de um mercado secundário de recebíveis imobiliários, da autorização para a renegociação de dívidas de empresas no Pronampe, e da implantação de linha de microcrédito para beneficiários do Bolsa Família que queiram empreender. “Temos que pensar o sistema de crédito de A a Z”, disse à rádio Itatiaia.
Mais tarde, em evento no Rio, o secretário-executivo-adjunto da Fazenda, Rafael Dubeux, disse que o Eco Invest Brasil criará um instrumento de hedge cambial para empresas estrangeiras que se instalarem no Brasil em setores ligados à transição para baixo carbono, com potencial de destravar investimentos. O instrumento está sendo criado em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial, com prazo de até dez anos. “Hoje, no mercado, só há instrumentos disponíveis para até três anos. A ideia é conseguir criar essa ferramenta para o investidor ter segurança de vir para cá. Não existe algo parecido no mundo”, disse.
O secretário afirmou que os dois organismos internacionais querem expandir o modelo para outros países, caso seja bem-sucedido. A questão do hedge cambial é um desafio para vários emergentes. “Temos muito capital e interesse de países desenvolvidos, mas há o receio em relação à volatilidade do câmbio. Se conseguirmos que funcione, pode ajudar a destravar investimentos no mundo inteiro, e o Brasil vai ser pioneiro.”
Em entrevista à CNN Brasil, Haddad afirmou não concordar com alguns dispositivos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dá autonomia financeira e administrativa ao Banco Central (BC). A proposta foi apresenta pelo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), e é patrocinada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. “[Esses pontos] Estão sendo objeto de uma análise mais detida por parte de quem vai decidir, que são os parlamentares”, afirmou.
Haddad disse ainda que Campos Neto deveria ter conversado antes com o presidente Lula sobre a PEC. “Eu penso que em se tratando da Constituição do país, caberia uma conversa prévia”.
Fonte: Valor Econômico

