Por Dow Jones — Nova York
04/07/2023 10h45 Atualizado há 23 horas
Centenas de famílias palestinas fugiram de um campo de refugiados na cidade de Jenin, na Cisjordânia, enquanto Israel conduz a maior operação militar no território ocupado em mais de duas décadas com um ataque mortal envolvendo drones e tropas terrestres.
Em Tel Aviv, pelo menos sete pessoas ficaram feridas na terça-feira quando uma pessoa atropelou pedestres em uma rua comercial, saiu do carro e começou a esfaqueá-los antes que as forças de segurança interviessem, segundo a polícia israelense. O agressor era palestino e foi morto a tiros por um civil, segundo a mídia local. As autoridades israelenses disseram que estão investigando o incidente, enquanto o grupo militante palestino Hamas elogiou o ataque como uma resposta inicial contra o ataque militar israelense em Jenin.
Pelo menos 10 palestinos foram mortos e cerca de 100 ficaram feridos desde que a operação da Israel começou na segunda-feira, disse o Ministério da Saúde palestino. Os militares israelenses classificam a operação como um esforço de contraterrorismo visando militantes palestinos, depósitos de armas e dispositivos explosivos e instalações usadas no lançamento de ataques.
Dezenas de palestinos foram presos na operação israelense, que as autoridades israelenses dizem que deve durar vários dias e já causou grandes danos à propriedade e interrompeu o abastecimento de água e eletricidade em grandes partes do campo.
O vice-prefeito de Jenin, Muhammad Jarrar, disse que cerca de 3,5 mil residentes – ou quase um quarto da população do campo de refugiados – foram forçados a deixar o local até o meio-dia desta terça-feira, a maioria mulheres, crianças e idosos. Ele disse em uma entrevista que quase um terço do acampamento, que cobre cerca de 250 acres, foi destruído.
“Esta é uma punição coletiva”, disse Jarrar.
Um Hussein Dhabaya, de 53 anos, disse que um oficial do exército israelense deu a sua família 15 minutos para evacuar sua casa antes de ser bombardeada. Eles correram para a rua e se juntaram a centenas de vizinhos no hospital, depois se dispersaram para as casas de parentes.
Os militares de Israel dizem que não estão forçando os residentes a sair de suas casas.
Em resposta à operação israelense, outras cidades da Cisjordânia convocaram uma greve geral e manifestações na terça-feira, potencialmente criando novos focos de violência que até agora se limitaram principalmente ao campo e à cidade de Jenin.
A Autoridade Palestina pediu à comunidade internacional que pressione Israel para interromper os ataques. A autoridade apoiada pelo Ocidente tem lutado para controlar Jenin, falhando em confiscar armas e enfrentando pressão de vários grupos militantes apoiados pelo Irã, como o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina, que desenvolveram extensas redes de apoio.
As tensões na Cisjordânia aumentaram desde os ataques de palestinos e árabes israelenses no ano passado, que levaram Israel a intensificar as incursões em áreas palestinas para desmantelar células militantes suspeitas e frustrar o que acreditava serem ataques iminentes.
Desde o início de 2023, mais de 150 palestinos – a maioria militantes, mas também crianças e civis idosos – morreram devido às forças israelenses e civis na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, segundo autoridades palestinas e israelenses. Mais de 20 israelenses e estrangeiros, quase todos civis, foram mortos por palestinos, de acordo com levantamento do “The Wall Street Journal”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recebeu apelos, inclusive de seu próprio partido Likud, para uma ampla operação militar na Cisjordânia usando a força aérea e o corpo blindado de Israel.
Fonte: Valor Econômico

