A Moody’s Ratings afirmou, em relatório divulgado nesta terça-feira, que o “tarifaço’ anunciado pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, vai mudar a dinâmica, aumentar a complexidade e o custo do comércio global e enfraquecer as perspectivas de crescimento mundial. Além disso, terá amplo impacto negativo no perfil de crédito das empresas.
Por outro lado, a agência de rating afirma que “a mudança das políticas comerciais e a reconfiguração comercial também podem apresentar oportunidades, especialmente para mercados emergentes que conseguem navegar habilmente pelas correntes cruzadas geopolíticas e geoeconômicas à medida que os fluxos comerciais se redirecionam em resposta ao tratamento diferencial”.
A agência diz que a incerteza já está pesando sobre a confiança empresarial, atrasando o investimento e elevando o risco recessão nos EUA este ano. A previsão global mais recente da Moody’s era de que o crescimento do PIB do G-20 diminuísse para 2,5% em 2025, mas o relatório não informa uma nova projeção. A perspectiva de crescimento mais fraca, prossegue a agência, provavelmente resultará em cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
De acordo com o texto, o impacto total dependerá de muitos fatores, mas o principal é a resposta de outros países, já que muitos podem adotar medidas de apoio a setores específicos ou estimular o crescimento doméstico de forma mais ampla. A Moody’s cita, as indústrias com especialização setorial, cadeias de abastecimento complexas e alta integração nas cadeias de valor globais, como as indústrias de tecnologia e automotiva, particularmente na Europa, Japão e Coreia, como as mais expostas.
“As tarifas são positivas para os produtores domésticos dos EUA em algumas indústrias protegidas, como as de aço e alumínio, mas outras, como montadoras e outros setores estreitamente integrados, serão pressionadas por uma alta dos custos de insumos e prováveis ações retaliatórias.”
A agência calcula que, para a União Europeia, o tarifaço afeta no total cerca de 380 bilhões de euros em produtos da região, o que corresponde a 2% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo os países mais afetados Irlanda, Eslováquia, Alemanha, Hungria, Itália e Áustria. Os setores mais expostos são os de máquinas, bebidas alcoólicas, varejo e vestuário.
A Moody’s destaca ainda que afeta o perfil de crédito das empresas o aumento da concorrência diante das exportações que vão mudar de destino por causa das tarifas, especialmente na Ásia, incluindo China e Vietnã, já que isso reduzirá as margens de lucro das companhias que operam em setores que competem diretamente com produtos importados.
As economias da região da Ásia e do Pacífico (APAC) estarão sujeitas “a tarifas adicionais particularmente altas”, ressalta a agência. “Os soberanos da APAC, com rating atribuído pela Moody’s, respondem por cerca de 40% das importações de bens dos EUA e formam a espinha dorsal das cadeias de abastecimento globais. É provável que a magnitude dessas tarifas pese sobre a atividade comercial global, reduza a demanda por exportações regionais e prejudique a confiança dos negócios, o que levará a uma redução do investimento na APAC”, conclui o texto.
Fonte: Valor Econômico
