8 Apr 2022CRISTAL KIM TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA
Os mineradores de criptomoedas – técnicos que registram e validam as operações – estão se preparando para um possível aperto, já que as despesas cada vez maiores, as oscilações de preços e agora a guerra na Ucrânia ameaçam enfraquecer as grandes margens de lucro do setor.
As empresas estão explorando os mercados de dívida, apoiando-se em balanços e linhas de crédito e até mesmo entrando com pedidos para vender ações com o intuito de levantar mais dinheiro. A Marathon Digital Holdings e a Hut 8 Mining estão entre as empresas mais recentes a recorrer às vendas planejadas de ações, porém a movimentação just in case (por via das dúvidas) pode se mostrar profética com o preço do bitcoin oscilando em torno de US$ 41 mil.
É um clima difícil que pode revelar um abalo no setor, reminiscente do mercado de baixa de 2018, que viu o preço do maior ativo digital do mundo cair para quase US$ 3 mil. Com os preços do bitcoin atualmente se movimentando na direção oposta do poder de processamento global, a pressão está alta. E, enquanto as margens de lucro ainda estão acima de 70% para os maiores players, os líderes de algumas das maiores empresas dizem que estão se preparando para cenários hipotéticos.
“Desde que assumi o comando, há 16 meses, adotamos uma estratégia de focar primeiro no balanço inicial”, disse o CEO da Hut 8, Jaime Leverton. “Comecei a focar na diversificação, ciente de que esse negócio é cíclico e porque queríamos ter certeza de que estávamos melhor preparados para futuros apertos.”
O preço do bitcoin ainda precisaria cair bastante para mineradores como a Hut 8 até mesmo considerarem mudanças operacionais significativas ou venderem suas reservas de moedas. Mas o número mágico, conhecido como taxa de juros de equilíbrio, varia de acordo com a empresa. A da Hut permaneceu pouco abaixo de US$ 18 mil no trimestre mais recente, enquanto a Riot Blockchain tem uma taxa de US$ 10 mil e a da Marathon é tão baixa quanto US$ 5 mil.
EFEITOS DA GUERRA. A invasão da Ucrânia pela Rússia fez um clima sombrio pairar sobre os mercados globais, já abalados com o arrocho das políticas monetárias diante da inflação. Para as criptomoedas, a guerra gerou especulação de que os ativos podiam se beneficiar.
As despesas maiores com energia devido ao conflito aumentam a pressão sobre as taxas de juros de equilíbrio, com a eletricidade muitas vezes correspondendo a cerca de metade dos gastos gerais. Ao mesmo tempo, uma possível queda na atividade de mineração na Rússia pode permitir que as maiores empresas de mineração partam para a ofensiva.
As taxas de hash (códigos criptografados) globais têm ficado particularmente voláteis desde a invasão da Ucrânia, de acordo com o analista do BTIG, Greg Lewis, que percebeu uma queda inicial e posterior recuperação.
Sobre se a negociação de bitcoin abaixo de US$ 20 mil obrigaria as empresas a traçar estratégia diferente, de venda de suas reservas de bitcoin, o chefe da Riot Blockchain, Jason Les, chamou a atenção para as novas ferramentas oferecidas durante a recente valorização. “Planejamos continuar com nossos planos de expansão existentes, não importando as condições do mercado”, disse Les. “Conforme a indústria amadurece, há cada vez mais ferramentas à disposição de um minerador para obter fundos.” •
Fonte: Bloomberg / O Estado de S. Paulo

