O mercado vê com alta probabilidade — e já embute nos preços dos ativos — alguma chance de o governo americano aplicar a Lei Magnitsky a familiares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a outros ministros da corte. E o resultado nos preços dos ativos até pode ser de aumento dos prêmios de risco, mas, se as iniciativas americanas ficarem circunscritas a isso, os efeitos tendem a ser de curta duração.
Essa é a aposta de alguns participantes do mercado ouvidos pelo Valor nesta segunda-feira.
No entanto, a imprevisibilidade é alta. Ao mesmo tempo em que o governo americano pode não fazer nada, também pode escalar as ações e mirar o investimento direto (FDI, na sigla em inglês) no Brasil e os bancos brasileiros, o que poderia ampliar a aversão aos ativos locais. “Não dá para saber o que vem”, alerta o gestor de uma importante casa na Faria Lima.
“É um telefone sem fio e com sinalizações difíceis de serem lidas tanto do [deputado federal] Eduardo Bolsonaro quanto do [influenciador] Paulo Figueiredo”, avalia.
Para ele, seria surpresa se houvesse um aumento adicional na alíquota das tarifas a produtos brasileiros. “Acredito que isso não esteja no preço atualmente, mas também não parece ser provável vermos mais tarifas agora.”
“Prever o Trump é difícil”, afirma outro gestor. “E ele tem outros problemas para lidar, então acho que tem alguma chance de não vir nada. Mas, se acontecer alguma coisa, acho até que o mercado pode digerir melhor do que da última vez”, avalia.
O chefe de câmbio da tesouraria de um grande banco vai na mesma linha ao dizer que os eventos recentes, de maior tensão entre Brasil e EUA, já mostraram que os investidores não estão reagindo de forma muito acentuada ao noticiário local.
“O que tem predominado, por enquanto, tem sido o tema de diversificação global. Estamos vendo uma saída de investimentos dos EUA para outros lugares”, diz.
“O que explica os acontecimentos locais [as tensões entre Brasil e EUA e a ausência de melhora no lado fiscal] passarem despercebidos pelo mercado é essa realocação de recursos. Enquanto essa dinâmica estiver em voga, dificilmente veremos um desconforto nos mercados pelas questões domésticas.”
Fonte: Valor Econômico

