Por Bloomberg
25/08/2022 05h03 Atualizado há 5 horas
O mercado aposta que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) terão que tomar medidas mais duras para conter a escalada de preços exacerbada pelas consequências da guerra da Rússia na Ucrânia.
Ontem, pela primeira vez, os swaps vinculados à data da decisão do BCE em outubro precificaram totalmente uma alta de juros de 1 ponto percentual. Isso levaria a taxa básica para 1%, um nível visto pela última vez há mais de uma década. O mercado também elevou as apostas para a taxa básica do BoE para 3,5% até o fim do ano, ante menos de 3% há apenas 10 dias.
Preocupações de que a Rússia continue a rebater as sanções ocidentais com cortes no fornecimento de gás natural puxam para cima os preços de energia no Reino Unido e na Europa. Isso alimenta os temores de que a inflação – que já está no nível mais alto em décadas – se acelere, a menos que os formuladores de política monetária subam juros muito mais rápido do que o previsto anteriormente.
“É tudo uma questão de preços de energia”, disse Peter Chatwell, chefe de macroestratégias globais da Mizuho International, acrescentando que os custos de importação mais altos pesam sobre o euro e a libra, o que, por sua vez, aumenta a inflação. “Para parar essa espiral, os bancos centrais precisam se antecipar ao movimento, elevando juros de forma muito mais agressiva do que planejavam”, disse ele.
O mercado ficou sem pistas sobre a trajetória de juros do BCE, que rompeu sua tradição de fornecer projeções. A autoridade monetária chocou muitos investidores ao aumentar juros em meio ponto percentual no mês passado, dizendo que seria necessária uma “abordagem reunião por reunião” a partir de então.
Quanto ao BoE, os preços do mercado monetário implicam que o BC britânico aumentará juros em mais de meio ponto percentual em uma das próximas três decisões.
Mas o aperto não impediu que a libra e o euro se desvalorizassem. A libra cedeu até 3,6% este mês, a US$ 1,1718. O euro caiu abaixo da paridade pela segunda vez em dois meses, atingindo uma baixa de duas décadas, a US$ 0,9901.
Fonte: Valor Econômico

