O mercado está em uma ação de “comprar no boato e realizar no fato” com a decisão do Banco do Japão (BoJ) de encerrar a era de oito anos de taxas de juros negativas. É o que nota o estrategista Jim Reid, do Deutsche Bank, diante de uma desvalorização do iene e da queda dos juros japoneses de longo prazo durante a madrugada. “O mercado está subestimando até onde os juros podem subir no Japão, mas será um processo constante de descobrir isso.”
Declarações mais “dovish” (suaves) do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, contribuíram para uma leitura mais acomodatícia da decisão, apesar do movimento ter sido bastante ousado ao se avaliar o histórico recente do banco central japonês. “As medidas foram praticamente divulgadas nos últimos dias, por isso não houve surpresas reais [para o mercado]”, diz Reid. A imprensa japonesa já havia antecipado a possibilidade de aumento da taxa de depósito de -0,1% para o intervalo entre zero e 0,1% e o fim da política de controle da curva de juros.
“O BoJ está continuando a comprar JGBs (títulos do governo japonês) no mesmo ritmo por ora, mas, de acordo com os nossos economistas, o fundo fornecido pelo programa de apoio a empréstimos diminuirá no futuro, dadas as condições do programa, que se tornaram mais rigorosas. Como resultado, a base monetária e o balanço do BoJ irão diminuir no futuro”, aponta o estrategista do Deutsche Bank.
Nesse sentido, o banco alemão acredita que, apesar do discurso mais “dovish” de Ueda, isso não exclui elevações adicionais dos juros no futuro próximo, o que poderá mudar a depender das perspectivas econômicas e de inflação. “Todos os caminhos estão abertos.”
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Kazuo Ueda, presidente do Banco do Japão (BoJ) — Foto: Bloomberg
Fonte: Valor Econômico

