Por Bloomberg
07/04/2022 05h03 Atualizado 07/04/2022
Operadores do mercado apostam que o Federal Reserve caminha para seu aumento de juros mais agressivo em quase três décadas para combater uma disparada na inflação impulsionada pelas commodities. Eles precificam mais 2,25 pontos percentuais de aumento na taxa básica americana até o final do ano, além do 0,25 de março.
O Fed não faz um aperto dessa magnitude – de 2,5 pontos percentuais – em um único ano desde 1994, um ano notoriamente brutal para investidores de títulos, que incluiu até um aumento de 0,75 ponto percentual. A última vez em que houve mais aperto ainda foi no início dos anos 1980, quando Paul Volcker estava no comando do BC dos EUA.
Com a inflação no país caminhando para 8%, uma taxa não vista em 40 anos, as autoridades do Fed adotaram um tom decididamente mais “hawkish” (favorável ao aperto monetário). A perspectiva de aperto agressivo já levou a uma derrocada global de títulos neste ano, e o último movimento nas apostas do mercado segue comentários da conselheira Lael Brainard na terça, de que o banco central continuará apertando a política monetária metodicamente.
“Isso se resume ao que Brainard quer dizer com ‘metódico’ ”, disse Marc Ostwald, estrategista global da ADM Investor Services. Ele diz que o Fed quer flexibilidade, mas também não quer mudar constantemente o ritmo de aperto. Ostwald espera um aumento de 0,50 ponto percentual no próximo mês e provavelmente em junho, seguido por aumentos de 0,25 ponto, mas a “falta subjacente de qualquer profundidade de liquidez nos mercados e a alta volatilidade persistente provavelmente custarão caro e, por extensão, o Fed se tornará cauteloso”.
À medida que o cenário de inflação piora, o presidente do Fed, Jerome Powell, e vários outros formuladores de políticas têm indicado que estão dispostos a passar a elevar a taxa referencial dos EUA em 0,50 ponto, como também sinalizou a ata divulgada ontem.
Dado que restam seis reuniões agendadas para o ano, a precificação atual equivaleria a três aumentos de 0,50 ponto e três de 0,25 ponto, supondo que o Fed suba os juros em todos encontros. Isso elevaria o limite superior da faixa a 2,75%, nível não visto desde a crise de 2008.
Fonte: Bloomberg / Valor Econômico

