Há oportunidades na “ponta de compra” no mercado de “private equity”, de participação em empresas, para agentes alternativos que estão com dinheiro em caixa, avalia Patrice Etlin, sócio-gestor da Advent International. Segundo ele, o momento é “excelente” no Brasil. “A gente já anunciou duas transações este ano. Então, está sendo um ano muito produtivo”, disse, durante painel da XP Asset Annual Meeting 2025, realizado nesta quinta-feira (27).
Etlin ressalta que é um momento desafiador para levantar recursos (o “fundraising”) para todos os fundos, mas muito interessante do lado de compra neste momento. Segundo ele, a Advent International observa oportunidades “muito interessantes” em varejo e consumo, que, na sua avaliação, “estão machucados”. A gestora vê uma desaceleração mais forte do setor neste segundo semestre.
Etlin ainda diz que a análise de private equity tem que focar nos fundamentos das empresas e não ficar presa ao cenário macroeconômico, que é mais volátil. “O nosso ‘business’ [negócio] é conhecer o setor independentemente do macro. Esse barulho [volatilidade da macroeconomia] a gente tem que isolar. Estamos olhando o fundamento da empresa naquele segmento”, acrescenta.
A diretora do fundo de pensão canadense CPP Investments, Tania Chocolat, vê o mercado doméstico “muito barato” e com múltiplos abaixo da série histórica dos últimos 20 anos. “No começo da década de 2000, vimos IPO de companhias de varejo que fizeram múltiplos de seis, sete vezes. Depois, esses múltiplos subiram para 20. Hoje, essas companhias valem mais, porque todas elas cresceram, mas estão custando seis, sete vezes novamente”, diz.
Chocolat destaca que o ciclo de crescimento das empresas brasileiras é mais longo do que em outros mercados, com espaço para vendas “cross-fund”, para outros investidores financeiros, sobretudo em momento de pouca liquidez no mercado de ações. “Você pode surfar um ciclo maior de crescimento e usar os parceiros especializados para fazer isso com eles. Os fundos não competem. As parcerias são muito importantes.”
Fonte: Valor Econômico

