Com taxas de juros em queda e inadimplência estável, o ritmo de crescimento do crédito em setembro continuou elevado, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC) ontem. Considerando os últimos 12 meses, o saldo subiu 9,9%, mesmo ritmo registrado em agosto. A projeção do próprio BC é de crescimento de 11,1% neste ano.
Em suas falas públicas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem ressaltado que o Brasil está com um mercado de crédito forte. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de setembro, já pontuava que as concessões de crédito às famílias eram um dos fatores para o suporte do consumo e da demanda agregada. “Esse ritmo de crescimento da atividade, em contexto de hiato agora avaliado positivo, torna mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta”, afirma o documento.
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, destaca que a elevação no crédito com recursos livres vem sendo um dos pilares do consumo das famílias em um cenário de mercado de trabalho apertado e crescimento do nível de renda. Os dados publicados ontem mostram que o saldo de crédito para pessoas físicas subiu 11,4% em 12 meses, uma aceleração em relação ao ritmo registrado em agosto, de 11,1%.
“Uma inadimplência baixa mostra que pessoas físicas e jurídicas estão conseguindo pagar suas dívidas” — Fernando Rocha
No entanto, o economista afirma que há uma tendência de redução do ritmo de crescimento do saldo de crédito por conta do ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, iniciado na última reunião do Copom. “A explicação passa uma vez mais pela necessidade do Banco Central de retomar a estabilidade de preços, e tendo em vista que no diagnóstico atual da autoridade monetária o nível de atividade econômica é o principal entrave para tanto, é necessário desincentivar significativamente a busca por um dos pilares mais importantes do crescimento econômico, o crédito”, diz.
No entanto, o economista afirma que há uma tendência de redução do ritmo de crescimento do saldo de crédito por conta do ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, iniciado na última reunião do Copom.
“A explicação passa uma vez mais pela necessidade do Banco Central de retomar a estabilidade de preços, e tendo em vista que no diagnóstico atual da autoridade monetária o nível de atividade econômica é o principal entrave para tanto, é necessário desincentivar significativamente a busca por um dos pilares mais importantes do crescimento econômico, o crédito”, diz.
Na comparação mensal, setembro registrou crescimento de 1,2% no saldo de crédito, de acordo com o Banco Central, mas com valores diferentes entre os segmentos. O chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, ressalta que a alta foi puxada pelas operações de crédito livre que, por sua vez, foram beneficiadas pelo movimento sazonal da modalidade de desconto de duplicatas, que costuma registrar mais operações no último mês de cada trimestre.
As estatísticas de setembro ainda apontaram para uma queda na taxa média de juros, de 27,7% em agosto para 27,6% no mês passado. Neste ano, a queda foi de 0,8 ponto percentual e em 12 meses, de 2,6 pontos. No caso das taxas para pessoas jurídicas, a média caiu de 19,8% em setembro do ano passado para 17,7% no último mês. Para pessoas físicas, a taxa ficou em 32,4% contra 35,5% em setembro de 2023.
Os dados do BC também mostraram que a inadimplência no crédito se manteve em 3,2% em setembro, no mesmo nível em que estava em dezembro de 2023. A taxa variou pouco em 2024. Em três meses, janeiro, fevereiro e maio, chegou a 3,3%, mas desde junho o indicador de operações em atraso tem permanecido em 3,2%.
De acordo com Rocha, uma inadimplência baixa e estável é uma boa informação para instituições financeiras e para os clientes. “Uma inadimplência baixa mostra que tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas estão conseguindo pagar suas dívidas, ou seja, que aquele planejamento que a pessoa ou que a empresa fez está sendo bem-sucedido nas condições em que foi concedido”, afirma.
Em relatório, a área de pesquisa macroeconômica do Itaú Unibanco destaca que, com ajuste sazonal, a inadimplência para pessoa física aumentou 0,1 ponto, para 5,6%, e teve a segunda alta consecutiva.
Fonte: Valor Econômico

