O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quinta-feira (18) que medidas que venham a ser tomadas e que piorem a situação fiscal do governo federal podem fazer com que o Banco Central (BC) tenha “outro tipo de postura” na condução da Selic. Atualmente, a taxa básica de juros está em 10,75% em termos anuais.
“Os próximos eventos contam [para a condução da Selic], sejam no ambiente internacional, que está bastante estressado por causa dos juros americanos e da possibilidade de postergação do ciclo de relaxamento da política monetária [nos Estados Unidos], quanto também no cenário doméstico”, disse em entrevista à GloboNews. “Medidas que foram discutidas aqui [no Brasil] e que podem ter um impacto negativo tendem a gerar mais impacto sobre o câmbio, elevar ainda mais a incerteza e consequentemente forçar o Banco Central a ter outro tipo de postura.”
O Comitê de Política Monetária (Copom) tinha sinalizado em sua última reunião mais um corte de 0,5 ponto percentual para o encontro de maio. Mas, nesta quarta-feira (18), em Washington (EUA), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, traçou outros possíveis cenários, como “redução no ritmo” de cortes e mudança “no cenário global” já desenhado pela autoridade monetária.
Ceron afirmou, no entanto, que, mesmo com as incertezas dos últimos dias, a taxa de juros real continua “extremamente elevada”.
“Temos uma taxa de juros real extremamente elevada, Selic acima de 10%, mais de 7% de taxas de juros real, que é absolutamente distante da nossa taxa de juros neutra (que permite o máximo de crescimento econômico sem que isso acelere a inflação)”, disse.
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Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron — Foto: Gesival Nogueira Kebec/Valor
Fonte: Valor Econômico

