Por Roberto Lameirinhas — De São Paulo
05/08/2022 05h03 Atualizado há 3 horas
A implacável corrida ao dólar obrigou o presidente da Argentina, Alberto Fernández, a ceder mais poder em nome da sobrevivência. A chegada do superministro da Economia, Produção e Agricultura, Sergio Massa, tornou ainda evidente a fragilidade política de Fernández, segundo analistas.
Diante do papel de maior protagonismo de Massa, Fernández – que nunca conseguiu deixar a sombra de sua vice, Cristina Kirchner – agora assume um papel mais protocolar, de inauguração de obras, dar posse a funcionários do governo e representar o país em eventos externos, segundo analistas argentinos.
“Talvez no exterior a percepção seja outra, mas para os argentinos estava claro que Fernández já quase não tinha papel político”, afirmou um analista sob condição de anonimato. “Massa não é economista, mas é um político de estilo caudilhesco e com grandes ambições”, disse a fonte.
Massa chega à nova configuração de poder Massa como se fosse um premiê forte, o segundo na hierarquia depois de Cristina. “Foi a forma que o peronismo encontrou para realizar um golpe palaciano sem o dar oficialmente”, diz o colunista do site da emissora “Todo Noticias”, do Grupo Clarín.
Os simbolismos da própria cerimônia de posse de Massa, para 500 pessoas, na Casa Rosada, deixaram claro que não se tratava de um evento administrativo rotineiro. “Massa é sócio político da coalizão do governo, com peso parecido ao de Cristina e Fernández”, disse o analista político Sergio Suppo. “Se for relativamente bem-sucedido na sua missão, ganha força para aspirar à candidatura peronista em 2023”, afirma.
Fonte: Valor Econômico