Por Dominique Vidalon e Elizabeth Pineau — Reuters, de Paris
25/08/2022 05h01 Atualizado há 4 horas
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse ontem aos franceses que o país terá meses difíceis pela frente, pois “a liberdade tem um custo”, com seu governo alertando que pode haver aumentos nos preços de energia à medida que a guerra na Ucrânia continua.
Os sindicatos, porém, rejeitaram o pedido de sacrifícios, e disseram que os trabalhadores precisam de salários maiores para lidar com a inflação crescente.
Macron disse que o país vive uma série de crises cada vez piores, com temperaturas extremas, incêndios e secas, conflito na Ucrânia e interrupções no comércio global. “O que vivemos é uma espécie de grande guinada, estamos vivendo o fim do que parecia uma era da abundância, o fim da abundância de itens que pareciam sempre disponíveis, da abundância de terra e materiais, inclusive de água”, declarou.
Na primeira reunião de gabinete desde as férias de verão, Macron disse que chegou ao fim a abundância de bens e recursos e “de uma certa despreocupação”. Macron pediu a seus ministros que sejam ambiciosos e aos franceses a aceitarem novas e duras medidas.
“As batalhas que temos que travar só serão vencidas com nossos esforços”, disse. Nas próximas semanas, o governo de Macron terá de decidir se renovará os tetos de preços de eletricidade e gás que expiram no final do ano e se manterá um desconto de combustível, que juntos ajudaram a manter a inflação francesa mais baixa do que a de muitos países europeus – mas que pesam muito sobre as finanças do país.
A França não pode manter tetos de preços de energia para ajudar as famílias a lidar com a inflação crescente para sempre, disse o porta-voz do governo Olivier Veran após a reunião de gabinete. “Pode haver aumentos de preços”, disse ele.
Macron, que ganhou um segundo mandato presidencial em abril, mas perdeu a maioria no Parlamento, enfrenta desafios como o de convencer os legisladores a aprovar o orçamento de 2023. O governo apresentará uma proposta em setembro para acelerar projetos de infraestrutura de energia e elaborar um plano de curto prazo para garantir o fornecimento de energia para este inverno europeu, disse Veran.
A França também trabalha em um “plano de contenção de energia” que pedirá a todos os cidadãos que se comprometam com uma “caça ao desperdício”, como desligar as luzes ao sair dos escritórios, disse Macron em julho.
Fonte: Valor Econômico

