O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta quarta-feira (21) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. O encontro acontece no Palácio do Planalto, em Brasília, em meio à escalada de tensões entre Brasil e Israel, disparada pela equiparação feita por Lula entre a crise humanitária na Faixa de Gaza e o holocausto de judeus na Segunda Guerra Mundial.
Ao chegar à sede do Poder Executivo hoje, Blinken foi questionado pela imprensa sobre as expectativas para a reunião e disse apenas estar “ansioso” para o encontro. Sobre a situação em Gaza, entretanto, ele silenciou.
Blinken vem ao Brasil para participar da cúpula ministerial do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia. O Brasil é o atual presidente do organismo e marcou os encontros da cúpula para esta quinta e sexta-feira, no Rio de Janeiro.
O Valor apurou, no entanto, que o conflito na Faixa de Gaza e a situação política na Venezuela também estarão no cardápio do encontro entre os dois. Os Estados Unidos são um tradicional aliado de Israel, mas têm aumentado o tom das críticas às ações militares israelenses no enclave palestino, embora seja um dos principais fornecedores de armamentos para o país.
Em relação à Venezuela, há dois temas principais. O primeiro deles é o contencioso territorial com a Guiana em torno da região conhecida como Essequibo. O governo Nicolás Maduro reivindica uma área equivalente a dois terços do território do país vizinho, rica em petróleo. E promoveu no fim do ano passado um referendo para que a população decidisse sobre a anexação de Essequibo.
O Brasil vem atuando como mediador nessa disputa. E o principal assessor internacional de Lula, Celso Amorim, quer evitar a participação de nações de fora da América Latina na resolução do conflito. Em entrevista ao Valor em janeiro, Amorim disse que “a questão entre Venezuela e Guiana tem que ser resolvida na região”.
Em dezembro, Blinken telefonou para o chanceler Mauro Vieira e agradeceu ao Brasil pela “liderança diplomática” na busca por uma solução pacífica nessa disputa.
Ambos os países, no entanto, têm demonstrado preocupação com o processo eleitoral venezuelano. Amorim vem desde o ano passado viajando seguidamente a Caracas para assegurar a realização de eleições presidenciais justas no país, tendo se reunido com o presidente Nicolás Maduro e representantes da oposição.
Em 17 de outubro, participou de conversas em Barbados, onde foram estabelecidos parâmetros para a votação, que deve ocorrer no segundo semestre.
Fonte: Valor Econômico

