Por Rita Azevedo — De São Paulo
11/04/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
O temor com a dificuldade financeira da Light, confirmada no fim de janeiro com a contratação de uma consultoria especializada em reestruturações, teve um impacto no mercado de crédito privado maior que o provocado pela divulgação de “inconsistências contábeis” da Americanas.
A conclusão é de estudo produzido pela Teva, provedora de índices para ETFs (fundos listados em bolsa), que analisou o efeito dos dois eventos no mercado de debêntures. Enquanto o impacto médio do evento da Light foi uma alta de 0,016 ponto percentual nos spreads dos ativos por dia, o caso Americanas provocou abertura de 0,013 ponto percentual por dia. O estudo considerou do meio de janeiro até o início de abril.
A Americanas trouxe à tona em janeiro a descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço que culminou no pedido de recuperação judicial da companhia. Na época, o caso foi considerado como o com maior potencial de estragos porque a varejista viu seu rating com agências de classificação de crédito sair do maior patamar de qualidade para grau especulativo.
A Light já enfrentava problemas financeiros que não eram totalmente desconhecidos dos investidores. Em 31 de janeiro, o temor de uma piora na situação da empresa aumentou com a confirmação da contratação da Laplace para melhorar a estrutura de capital.
Com as notícias, a queda dos preços nos índices que acompanham as debêntures já era esperada. O estudo buscou entender o quanto dessa queda foi o efeito direto das emissoras e quanto foi a contaminação do mercado de crédito privado como um todo.
Para calcular o efeito dos dois eventos, a Teva considerou seu índice de debêntures, chamado Teva Debêntures DI, e elaborou um subíndice por exclusão, desconsiderando os papéis da Americanas e da Light. Depois, usou uma regressão linear simples que permitiu separar cada um desses eventos.
“O tamanho do efeito da Light é maior que o da Americanas. Isso não é o impacto da empresa totalmente isolado, mas também o medo de contágio por uma empresa, de outro setor, apresentar problemas financeiros”, diz o estudo.
Fonte: Valor Econômico

