15 May 2023
MÁRCIA DE CHIARA
Volume financiado com recursos da poupança também caiu e somou R$ 39,8 bilhões no primeiro trimestre, redução de 3,4%.
O baixo apetite dos consumidores para comprar imóveis pode ser verificado na concessão de crédito. No primeiro trimestre deste ano, o volume financiado com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somou R$ 39,8 bilhões, com redução de 3,4% em relação a igual período do ano passado, segundo a Associação Brasileira das entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Em 12 meses encerrados em março, o total financiado foi de R$ 177,8 bilhões, queda de 12,6%.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), José Carlos Martins, afirma que os valores defasados para financiar imóveis com recursos do FGTS agravam o problema de falta de liquidez de crédito no mercado. Juntando os obstáculos da poupança e do FGTS, criase um impasse, diz Martins. “O momento do mercado imobiliário hoje é de redução de atividade.”
Já o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, diz que, apesar de os empresários estarem mais comedidos nos lançamentos neste primeiro trimestre na cidade de São Paulo, as vendas dos imóveis novos estão em ritmo melhor do que no mesmo período do ano passado. “Os resultados até estão contrariando as expectativas porque não houve redução dos juros no período”, afirma.
LANÇAMENTOS. Segundo o Secovi-SP, foram lançadas na cidade de São Paulo no primeiro trimestre deste ano 10.480 unidades, um volume 6,3% menor em relação ao mesmo período de 2022. As vendas somaram 16.180 unidades, com crescimento de 13,3% em unidades e aumento de 11% em valor, ante o primeiro trimestre de 2022.
“As pessoas que estão comprando imóvel neste momento acreditam que a taxa de juros irá baixar no decorrer do próximos anos, quando o imóvel for entregue”, diz.
Como se trata de imóvel hoje vendido na planta, portanto, com financiamento direto com a construtora, o economista argumenta que, quando o empreendimento for entregue e entrar em cena o financiamento bancário, o custo do dinheiro no crédito imobiliário deverá ser menor do que o nível atual. “Existirá a possibilidade da Selic baixar, nunca de subir, porque ela tem um limite”, argumenta.
Na opinião de Petrucci, o mercado de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo hoje está fluindo, o que apontam os números do Secovi-SP. No entanto, ele ressalta que a situação no momento não é ideal para o setor, que gostaria que o BC já tivesse sinalizado uma baixa na taxa de juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
QUEDA NAS VENDAS. Na semana passada, o diretor presidente da Eztec, Silvio Zarzur, disse que a empresa tem tido dificuldade de vender imóveis e sofre com aumento de custo. “Um problema é o cenário econômico difícil e com juros altos. Voltaremos a vender mais com melhora do cenário econômico, que vai vir”, disse ele, durante apresentação dos resultados.
Cenário Momento de juros alto e crédito escasso prejudica números de empresas, que não conseguem vender
Fonte: O Estado de S. Paulo

