Diante do cenário de queda da taxa de juros, que deve beneficiar os ativos da economia real, e do cronograma de leilões e concessões previstos para o ano que vem, a Kinea Investimentos quer aumentar a aposta em infraestrutura. A firma vê oportunidade para investir mais em rodovias, saneamento e infraestrutura de dados, como data centers e torres. Desses segmentos, apenas nesse último o fundo ainda não está presente.
Criada em 2022, a área que investe no equity de empresas de infraestrutura da Kinea já conta com quatro ativos na carteira, que tem 80% do total de R$ 1,3 bilhão levantado já comprometidos, com 20% disponíveis para alocação, volume que pode aumentar com coinvestimentos, afirma André Figueira, head do Kinea Equity Infra I.
Só em rodovias, a Kinea tem R$ 800 milhões comprometidos, dos quais ainda tem cerca de um terço para fazer a alocação ano que vem. A gestora tem atuado em parceria com o grupo Way Brasil, que entra como operador, do qual a gestora tem 49% do capital.
No portfólio de rodovias, a gestora detém as concessões da Rota Zebu, em Minas Gerais, da Rota Sertaneja – que passa por Minas Gerais, São Paulo e Goiás – e da Rota Agro, que ganhou após o consórcio vencedor, formado pela Azevedo & Travessos junto com a Reag, ser inabilitado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O governo federal prevê 15 concessões de rodovias em 2026, que devem somar R$ 158 bilhões em investimentos. “Nosso foco é investir em rodovias que tenham sinergias com nossos investimentos e sejam mais concentradas na região próxima ao Centro-Oeste e ligadas ao agronegócio”, diz o executivo. Apesar da entrada de novos investidores nesse segmento, o gestor da Kinea acredita que a competição está racional e não deve afetar o retorno das próximas concessões.
Já em saneamento, a Kinea é acionista da Corsan no Rio Grande do Sul, investimento feito em parceria com a Aegea, da qual a Kinea também é acionista. Além de ver oportunidade em novas concessões, que devem demandar R$ 66 bilhões em investimentos considerando só as licitações previstas para 2026, a Kinea também tem interesse em privatizações como da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), cuja proposta está em análise pela assembleia do estado.
A Kinea ainda investiu, junto com a Engeform, na parceria público-privada (PPP) para construção e operação de 17 escolas no estado de São Paulo, tendo o poder público como concedente. “Vemos oportunidade de ampliar a atuação nesse segmento também”, diz Figueira.
De forma geral , a Kinea vê os investimentos atrelados à inflação como favoráveis para 2026, como são muitos contratos de concessão, diante da perspectiva de queda de juros. Além do investimento em ativos reais de infraestrutura, que demoram mais tempo para retornar o capital ao investidor, a Kinea vê oportunidade para alocação em NTN-Bs e fundos de debêntures e imobiliários, cujo reajuste é atrelado à índices de preços.
Com o ambiente de juros menor e maior expansão fiscal no Brasil e nos Estados Unidos, Marco Freire, sócio e gestor de fundos líquidos, também vê um cenário positivo para bolsa e para alocação em ouro como proteção para a carteira.
A gestora deve encerrar este ano com R$ 137 bilhões sob gestão, crescimento de 11% frente a 2024, a maior parte alocada em crédito privado, diz Marcio Verri, CEO da Kinea.
Fonte: Valor Econômico

