Por Bloomberg
31/08/2022 14h59 Atualizado há 18 horas
O J.P. Morgan aderiu a uma aposta otimista no mercado de juros do Brasil, vendo espaço para um “rali significativo” ao longo dos próximos 18 meses, mesmo com a expectativa de uma eleição presidencial barulhenta que ocorrerá em cerca de 30 dias.
Saad Siddiqui, diretor e estrategista de mercados emergentes do banco, disse que os juros do Brasil são bastante atraentes, já que o nível das taxas nominais e reais está muito elevado e o Banco Central sinalizou que está perto do fim do ciclo de aperto monetário. Além disso, a inflação dá sinais de queda, o que abre espaço para a recente queda das taxas locais de mercado se prolongar por até um ano e meio.
A questão mais importante para a aposta do J.P. Morgan funcionar é se o Banco Central embarcará em um grande ciclo de corte de juros em 2023, disse Siddiqui. Os operadores financeiros já precificam uma flexibilização de mais de 2 pontos percentuais para 2023 e economistas consultados pelo BC diminuíram as projeções de IPCA para 2023 pela segunda vez consecutiva, para 5,30%, de acordo com o Boletim Focus.
“Temos sinalizado em nossas recomendações que o mercado de juros no Brasil parece muito atraente”, disse Siddiqui, que recomenda neste contexto aplicar em juros e comprar títulos brasileiros em moeda local.
Segundo ele, os juros do Brasil são os preferidos entre a América Latina e estão bem posicionados também entre os países de alto rendimento. Os fundamentos de ‘’duration” — ou seja, a sensibilidade à variação das taxas de juros, que é maior no caso dos títulos mais longos — estão melhorando no Brasil com a perspectiva para a inflação e a proximidade do fim do aperto.
O J.P. Morgan antes expressava uma visão construtiva nos juros do Brasil com posições que ganhavam com o “achatamento” da curva doméstica — diferencial menor entre as taxas futuras de curto e médio prazo. Há cerca de três semanas, o banco converteu esta recomendação em apostas de queda em juros futuros de quatro anos e posições ‘’overweight” (acima da média de alocação) em títulos.
“Essas posições já tiveram um rali e achamos que no médio prazo ainda há mais para andar, embora nos próximos meses deva haver barulho”, disse Siddiqui. “Acho que não devemos ficar muito complacentes com a política, já que sabemos muito bem que na América Latina, em geral, e no Brasil em particular, pode ser muito importante.”
Além de países asiáticos, como China, apenas Romênia e Brasil estão atualmente com recomendação overweight na carteira de títulos de mercados emergentes do J.P. Morgan.
Fonte: Bloomberg / Valor Econômico

