O mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) registrou um crescimento de 20% nos primeiros seis meses do ano, atingindo US$ 28 bilhões, de acordo com o JP Morgan. O País não retornou ainda ao seu melhor momento, mas é visto como uma aposta pelo banco, que está ampliando a área no Brasil, com novas contratações.
O JP Morgan não compartilhou detalhes, mas a expectativa é de que a atividade siga aumentando nos próximos trimestres e possa superar os US$ 52 bilhões em transações de M&a no Brasil em 2024. A visão do banco é a de que há muito interesse dos estrangeiros em fazer negócios no Brasil, apesar dos desafios econômicos e políticos que o País enfrenta. Havendo mais clareza em torno das eleições presidenciais do ano que vem, e das políticas econômicas no País desse ponto em diante, os volumes transacionados podem se intensificar em 2026.
“Os múltiplos (avaliação das empresas) estão baixos em comparação com os níveis históricos. Isso cria oportunidades para os compradores, embora, obviamente, os vendedores precisem eventualmente superar essa lacuna potencial (de preço) em relação aos compradores”, diz o responsável por M&A para a América Latina do JPMorgan, Rafael Munhoz. Nesse ambiente, acrescenta ele, transações estruturadas e operações de M&A mais sofisticadas facilitam a concretização de negócios.
Empresas brasileiras têm interesse no exterior
Muitas das transações que ocorreram no Brasil no primeiro semestre foram de grandes volumes, diz Munhoz. Ao mesmo tempo, ele observa que operações envolveram empresas listadas adquirindo participações maiores e companhias brasileiras prospectando negócios no exterior, especialmente nos Estados Unidos.
Como responsável por 55% das operações de M&A na América Latina, o Brasil ajudou a impulsionar o crescimento anual de 28% das transações no semestre. Esta é a primeira vez em que os volumes sobem na região, após andarem de lado por três anos, na sequência da pandemia do Covid-19, em 2020.
De acordo com Munhoz, ao contrário da América do Norte, não houve pausa da atividade na região em abril a partir do anúncio ao mundo de elevação nas tarifas de importação pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
América Latina e Ásia puxaram negócios
Foram os negócios na América Latina e um salto nas transações na região Ásia/Pacífico (+92%) os principais fatores que puxaram um crescimento de 27% na atividade global de M&A, para US$ 2,2 trilhões. Na América do Norte, ainda que a participação nos números globais seja de pelo menos a metade, as operações de M&A subiram 15% e abaixo das demais regiões, impactadas por queda na atividade em abril na sequência do tarifaço de Trump.
A expectativa de Munhoz é de que, apesar do cenário ainda desafiador globalmente, os volumes de transações seguirão aumentando ao longo do ano. “Mesmo com o barulho no mercado ainda presente, acho que pouco a pouco os conselhos de administração e acionistas estão começando a aprender a navegar melhor por isso. Eles não estão mais em modo de pausa, mas estão dispostos a tomar algumas iniciativas, que eventualmente se traduzam em transações”, afirma Munhoz.
Particularmente em relação à América Latina, o executivo atribuiu o fato de a atividade ter se mantido em abril ao fato de que “para o bem ou para o mal, a região está acostumada com a incerteza”.
Globalmente, os volumes de transações foram também impulsionados pelo aumento de 57% nos megadeals (transações acima de US$ 10 bilhões), com destaque também para negócios na faixa de US$ 2 bilhões a US$ 10 bilhões.
México e Argentina
Na Argentina, o mercado de M&A parte do zero e começa a ver algumas transações este ano, com aumento do otimismo em relação ao atual presidente, Javier Milei, e sua administração. “Precisamos estar conscientes do fato de que ainda é uma economia em transição, onde obviamente a tendência na direção é muito positiva, mas ainda há muitas coisas que precisam ser implementadas”, acrescentou. Por isso, ele defende que o ritmo das transações continuará a ser progressivamente melhor.
Mas Munhoz destaca que as transações entre alguns setores, mais descolados dos solavancos econômicos na Argentina, e que precisam de investimentos vão continuar. Por exemplo, todo o setor de mineração, petróleo, gás, infraestrutura relacionada a esses segmentos e a agricultura.
O México tem registrado poucos negócios de M&A, afetado pela guerra tarifária e por eventos políticos recentes e reformas que trouxeram riscos e ruídos adicionais para o país. A expectativa de Munhoz é que esse cenário mude a partir de 2026, apostando em um acordo comercial saudável entre os Estados Unidos e o México. “A interconectividade dos países e a proximidade geográfica são inegáveis e acho que, no final do dia, a razão prevalecerá”, diz ele.
*Conteúdo transcrito de áudio para texto com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela redação da Broadcast
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 12/08/2025, às 09:33.
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Fonte: Estadão

