Por Joshua Franklin — Financial Times, de Nova York
23/05/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
O J.P. Morgan Chase planeja uma onda de gastos “inigualável”, de mais de US$ 15 bilhões, em novas iniciativas neste ano, num programa que sinaliza a tentativa do banco americano de crescer ainda mais. A instituição anunciou ontem, em seu dia do investidor, que pretende desembolsar US$ 15,7 bilhões em novas iniciativas em 2023, que incluem contratações, marketing e investimentos em tecnologia. O valor supera em US$ 2 bilhões o desembolsado pelo banco no ano passado.
“Nossa capacidade de investimentos é inigualável”, disse Marianne Lake, codiretora da divisão de varejo e de comunidade do banco. Sua área deverá aplicar US$ 7,9 bilhões em novos investimentos, um aumento de US$ 800 milhões em relação a 2022.
“Nossos concorrentes não investiram e não conseguem investir nos mesmos níveis que nós. E esses investimentos significam alavancagem operacional futura relevante por muitos anos ainda”, disse Lake, vista como uma candidata à sucessão do CEO Jamie Dimon no futuro.
Em outro sinal de uma crescente bifurcação entre os maiores bancos americanos e as instituições de crédito de menor porte, que estão sob pressão neste ano, o J.P. Morgan também elevou sua perspectiva para o quanto prevê ganhar neste ano com sua divisão de empréstimos, após a recente compra do First Republic.
O banco elevou sua meta de lucro líquido de juros para 2023, excluindo sua divisão de transações, para cerca de US$ 84 bilhões, em relação aos US$ 81 bilhões anteriores, devido à sua aquisição do First Republic. O lucro líquido de juros é a diferença entre o valor pago pelos bancos sobre os depósitos e o que ganham com empréstimos e outros ativos.
O J.P. Morgan disse, no entanto, que “persistem fontes de incerteza” nas projeções de lucros e que sua perspectiva de “médio prazo” é que o lucro líquido com juros se situe no segmento intermediário da faixa dos US$ 70 bilhões, em parte devido à necessidade eventual de pagar taxas de juros mais altas aos poupadores, medida que encolherá suas margens de lucro.
A elevação da projeção de lucros chama a atenção para o porte robusto alcançado pelos grandes bancos, como o J.P. Morgan, com a recente crise entre algumas instituições de crédito regionais, em vista de a instituição ter incorporado novos depósitos e ter comprado os remanescentes do First Republic em um leilão promovido pelo governo.
Instituições de crédito grandes, além disso, se beneficiaram do fato de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) ter elevado as taxas de juros no ano passado, o que lhes deu possibilidade de cobrar mais dos tomadores pelos empréstimos, sem repassar taxas de juros significativamente mais elevadas aos poupadores.
O J.P. Morgan disse que seus depósitos, que totalizavam US$ 2,3 trilhões no fim de março, “caíram ligeiramente” no comparativo ano a ano. O diretor financeiro, Jeremy Barnum, disse que a expectativa é a de que as aplicações no sistema como um todo dos bancos americanos continuarão a cair, com o aperto pelo Fed da política monetária e a busca, pelos clientes, de novos rendimentos sobre seu dinheiro.
“Vamos lutar para manter as relações bancárias primordiais, mas não vamos lutar por cada dólar dos saldos de investimentos”, disse Barnum.
O J.P. Morgan está pagando 1,21%, em média, aos investidores, segundo dados da empresa de monitoramento do setor BankReg.
O banco disse também que os prejuízos com crédito continuam abaixo dos níveis pré-pandemia, mas que haverá, muito provavelmente, “normalização persistente” por todo o ano de 2023. Estimou que a taxa líquida de baixas contábeis de toda a instituição – o percentual dos empréstimos concedidos para os quais não prevê receber quitação – voltará a subir ligeiramente na direção da média pré-pandemia, de cerca de 0,6%, a partir do 0,3% registrado em 2022 e 2021.
As ações do J.P. Morgan encerraram ontem em queda de 0,83%, cotadas a US$ 138,03 em Nova York.
Fonte: Valor Econômico

