A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou para 1,31% em fevereiro, após se situar em 0,16% em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior taxa para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%).
A mediana das projeções de 36 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data era de alta de 1,32%. O resultado ficou dentro do intervalo das projeções, de alta de 1,18% a 1,46%.
Nos 12 meses até fevereiro, o IPCA teve alta de 5,06%, a maior para um período de 12 meses desde setembro de 2023, quando foi de 5,19%, ante 4,56% no acumulado nos 12 meses antecedentes. A expectativa do mercado era de 5,07% de aumento, com intervalo das estimativas entre 4,90% e 5,21%.
O resultado de fevereiro ficou acima do teto da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguida pelo Banco Central (BC). A meta para 2025 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
O IBGE calcula a inflação oficial brasileira com base na cesta de consumo das famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além das cidades de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
Cinco das nove classes de despesas usadas para cálculo do IPCA tiveram aceleração da alta de preços na passagem entre janeiro e fevereiro. A maior pressão veio dos grupos de habitação – onde está energia elétrica – e de educação.
Habitação mudou de rumo, saindo de queda de 3,08% para elevação de 4,44%, e educação avançou de 0,26% para 4,70%.
Artigos de residência também passaram para o campo positivo (de -0,09% para 0,44%), mesmo comportamento visto em comunicação (de -0,17% para 0,17%). No caso de vestuário, os preços ficaram estáveis (variação nula), após recuo de 0,14% em janeiro.
A alta em habitação reflete o aumento de 16,80% do preço da energia elétrica, principal impacto individual no índice (0,56 ponto percentual), uma devolução após a queda de janeiro (-14,21%) por causa da incorporação do bônus de Itaipu.
Fevereiro é tradicionalmente um mês com maior pressão nos preços de educação por causa dos reajustes referentes ao início do ano letivo.
Houve abrandamento no ritmo de alta em alimentação e bebidas (de 0,96% para 0,70%); transportes (de 1,30% para 0,61%); saúde e cuidados pessoais (de 0,70% para 0,49%); e despesas pessoais (de 0,51% para 0,13%).
A inflação se espalhou menos pelos itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo em fevereiro. O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços no período, caiu para 60,7%, vindo de 65%, segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.
Sem alimentos, um dos grupos considerados mais voláteis, o indicador mostrou maior abrangência das altas de preços, subindo de 59,8% em janeiro para 65,1%.
A média dos cinco núcleos do IPCA monitorados pelo Banco Central (BC) desacelerou para 0,60% em fevereiro, após ficar em 0,61% um mês antes, segundo cálculos da MCM Consultores. No acumulado em 12 meses, a média dos cinco núcleos avançou de 4,54% para 4,64%.
Vale reforçar que a meta de inflação anual perseguida pelo BC é de 3% em 12 meses, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo.
Fonte: Valor Econômico

