Por Lucianne Carneiro, Valor — Rio
23/12/2022 09h22 Atualizado há 28 minutos
Prévia da inflação oficial no país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) subiu 0,52% em dezembro, após alta de 0,53% em novembro, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro de 2021, o IPCA-15 tinha subido 0,78%. A taxa é a menor para um mês de dezembro desde 2018 (-0,16%).
O resultado ficou abaixo da mediana das 35 projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que estimavam alta de 0,56% em dezembro. O intervalo das estimativas era de alta de 0,36% a 0,68%
Com o resultado de dezembro, o IPCA-15 fechou o ano de 2022 cm alta de 5,90%. Até novembro, o resultado em 12 meses era de 6,17%. Em 2021, o IPCA-15 subiu 10,42%. O resultado fechado de 2021 tinha sido o maior para um ano desde 2015 (10,71%).
O resultado ficou abaixo da mediana das 35 estimativas coletadas pelo Valor Data, que era de 5,94%, com intervalo entre 5,73% e 6,07%. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central para 2022 é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
Das nove classes de despesas usadas para cálculo do IPCA-15, cinco tiveram desaceleração na passagem entre novembro e dezembro, segundo o IBGE.
Foram observadas taxas menores de inflação, na passagem entre novembro e dezembro, em habitação (de 0,48% para 0,40%), artigos de residência (de 0,54% para -0,46%), vestuário (de 1,48% para 1,16%), saúde e cuidados pessoais (de 0,91% para 0,40%), e educação (de 0,05% para 0,00%).
Por outro lado, foram observadas taxas maiores em alimentação e bebidas (de 0,54% em novembro para 0,69% em dezembro), transportes (de 0,49% para 0,85%), despesas pessoais (de 0,27% para 0,39%) e comunicação (de 0,00% para 0,18%).
Individualmente, a maior pressão para a alta do IPCA-15 de dezembro foi da gasolina, cujo preço subiu 1,52% e teve impacto de 0,07 ponto percentual.
Difusão
A prévia da inflação oficial brasileira se espalhou mais pelos produtos e serviços que compõem o IPCA-15 em dezembro.
O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços no período, subiu para 65,7% neste mês, vindo de 63,8% no anterior, e maior desde julho (67,8%), segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.
Sem alimentos, um dos grupos considerados mais voláteis, o indicador mostrou menor abrangência das altas de preços, de 65,9% para 64,4%, sem tendência clara.
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos, abrangendo nove regiões metropolitanas, além de Brasília e do município de Goiânia. A diferença em relação ao IPCA está no período de coleta e na abrangência geográfica.
Alimentação e transportes
Os grupos transportes e alimentação foram as duas principais influências para a alta de 0,52% do IPCA-15 em dezembro. Juntos, responderam por 0,32 ponto percentual da taxa de 0,52%, ou 61,8% da variação.
Os preços de transportes aceleraram de uma alta de 0,49% em novembro para 0,85% em dezembro. Com isso, responderam por 0,17 ponto percentual da taxa de 0,52% do IPCA-15. A maior influência, neste caso, veio dos preços das passagens aéreas, que tinham registrado deflação de quase 10% em novembro (-9,48%) e subiram 0,47% em dezembro.
Dentro do grupo também pesou a alta dos preços de combustíveis (1,79%), embora em menor intensidade que em novembro (2,04%). O preço da gasolina subiu 1,52% e foi a principal influência individual do IPCA-15 de dezembro, com impacto de 0,07 ponto percentual. O preço do etanol também subiu (5,44%), mas houve queda em óleo diesel (-1,05%) e gás veicular (-1,33%).
Já os preços de alimentação e bebidas aceleraram de 0,54% em novembro para 0,69% em dezembro. O grupo teve impacto de 0,15 ponto percentual da taxa de 0,52% do IPCA-15 do mês.
Os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 0,78%, influenciados pelas altas da cebola (26,18%) e do tomate (19,73%). A alta acumulada de preço nesses dois itens nos últimos três meses foi de 52,74% e 49,84%, respectivamente. Além disso, os preços do arroz (2,71%) e das carnes (0,92%) também subiram em dezembro.
Por outro lado, o preço do leite longa vida caiu 6,10%, a quarta queda consecutiva. Ainda assim o produto encerrou o ano de 2022 com aumento de 25,42%.
Alimentação e bebidas em 2022
Os preços de alimentação e bebidas subiram 11,96% em 2022, segundo IPCA-15. Com isso, responderam por 2,47 pontos percentuais da alta de 5,90% do IPCA-15 como um todo no ano de 2022, uma participação de 41,8%.
Ao contrário do movimento da média da inflação, que desacelerou de 11,42% em 2021 para 5,90% em 2022, os preços de alimentos e bebidas tiveram aceleração na passagem entre 2021 e 2022. No ano passado, a alta tinha sido de 8,68%.
Em 2022, a maior pressão para a alta de alimentos e bebidas veio da alimentação no domicílio, com aumento de 13,53%. Já a alimentação fora do domicílio subiu 7,97%. Em 2021, as taxas tinham sido de 9,21% e 7,36%, respectivamente.
Cidades
Na análise regional, o IPCA-15, que fechou 2022 em 5,90% na média brasileira, variou entre 3,93% em Porto Alegre e 6,92% no Rio de Janeiro, segundo o IBGE.
Das onze regiões pesquisadas, três encerraram o ano com taxas acima de 6%. Além do Rio, estão nesta situação Salvador (6,83%) e São Paulo (6,55%).
Na faixa das regiões com resultados mais baixos, depois de Porto Alegre (3,83%), o menor IPCA-15 acumulado em 2022 ficou com Belo Horizonte (4,72%). As demais taxas foram de Goiânia (5,03%), Curitiba (5,15%), Belém (5,78%), Fortaleza (5,85%), Recife (5,91%) e Distrito Federal (5,91%).
Considerando apenas o mês de dezembro, todas as áreas pesquisadas tiveram alta. A maior variação foi registrada em Goiânia (0,89%), influenciada pelas altas da gasolina (2,74%), da energia elétrica (4,13%) e do tomate (33,75%). O menor resultado, por sua vez, ocorreu em Salvador (0,36%), onde pesou a queda de 3,50% nos preços da gasolina.

